Título: Festival reunirá filmes inéditos da América Latina
Autor: Danyella Proença
Fonte: Jornal do Brasil, 28/06/2005, Brasília, p. D8

De hoje até o dia 10 de julho, o sonho de uma América Latina unida parecerá menos distante por meio da telona. O Cinesul 2005¿ Festival Latino-Americano de Cinema e Vídeo chega a Brasília pelo segundo ano consecutivo e traz obras de diversos países. Dessa vez, o público poderá ver a mostra competitiva de longas-metragens na íntegra, além de votar no melhor filme. Outra novidade são as exibições paralelas, que chegam com força renovadora e grande diversidade temática. Abrindo espaço para gêneros distintos e múltiplos olhares sobre a América Latina, o festival Cinesul firma-se como um importante espaço de integração entre vizinhos. Os filmes poderão ser vistos a partir de hoje, em quatro opções de horário, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Embora faça parte do circuito cultural de Brasília há pouco tempo, o Cinesul já tem 12 anos de estrada. Desde sua criação, em 1994, o audiovisual latino-americano passou por transformações relevantes. O festival surgiu por iniciativa dos pesquisadores Ângela José do Nascimento e Leonardo Gavina. As exibições começaram de maneira menos ambiciosa, como uma mostra de cinema e vídeo dentro do CCBB do Rio de Janeiro. Desde então, o evento foi ganhando corpo e consolidou-se como um importante espaço de reflexão sobre a identidade da América Latina. A intenção é colocar em pauta os desafios para impulsionar a produção audiovisual de maneira mais uniforme, já que alguns países ainda tem uma participação ínfima no mercado.

A quantidade de filmes selecionados para essa edição dá uma idéia do peso que o festival conquistou. Dez longas-metragens estão na disputa da mostra competitiva ¿ sendo um deles o brasileiro Noite de São João, de Sérgio Silva. As mostras paralelas trazem 89 filmes, divididos em seis categorias: Mostra Ciro Duran, que homenageia o diretor colombiano; Mostra Gardel e o Tango, com filmes de sete países lembrando os 70 anos sem o ícone argentino do tango; Videosul, com 70 trabalhos realizados em vídeo, explorando variados gêneros e linguagens; Fora de Concurso, com dois longas inéditos que não estão na mostra competitiva; Franceses no Brasil, destacando a relação entre os dois países; e Doc Latino, voltado exclusivamente para documentários, com quatro longas inéditos.

O boom do gênero foi a grande surpresa dessa edição do Cinesul. Tanto que foi preciso criar uma mostra paralela especialmente para o cinema documental. Dos quatro filmes que serão exibidos na mostra Doc Latino, dois são brasileiros: Helena Meirelles - a dama da viola, de Francisco de Paula; e Ferreira Gullar - a necessidade da arte, com direção conjunta de Zelito Viana, Vera de Paula, Aruanã Cavalleiro e Claudia Duarte. O produtor Leonardo Gavina, um dos criadores do festival, conta que se surpreendeu com o aumento das inscrições de documentários nos últimos anos:

¿ Os realizadores estão tendo uma preocupação maior em resgatar memórias e costumes de suas comunidades. Acredito que as pessoas estão percebendo que não se pode mais deixar isso se perder. Com a popularização do vídeo digital, está ótimo. Estamos diante de uma mini revolução interna do olhar documental e isso é ótimo ¿ diz.

O CineSul irá até o dia 10 de julho, com programação diária. Além das exibições, também será realizado um debate, no dia 5, sobre a Produção do Audiovisual Latino-Americano. Na ocasião, estarão presentes o Cônsul Geral do México no Rio de Janeiro, Jorge Sánchez Sosa; o diretor do filme cubano Tres Veces Dos, Lester Hamlet; e a produtora Gisele Hiltl, de Noite de São João, representante brasileiro da mostra competitiva. A mediação ficará por conta de Antonio Amancio, professor e pesquisador de Cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF). O debate está marcado para as 21h e tem entrada franca.