Título: CGU comprova farra municipal
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 28/06/2005, País, p. A6

BRASÍLIA - Nas vésperas das eleições municipais, no ano passado, as prefeituras gastaram o dinheiro da Educação e da Saúde em festas, shows, confraternizações, fotografias e ornamentações. É o que revelam as 60 auditorias feitas pela Controladoria Geral da União na 14ª edição do Programa de Fiscalização. O dinheiro é repassado pela União. Em Mimoso do Sul, Espírito Santo, parte do dinheiro do Piso de Atenção Básica da Saúde (PAB) foi gasto com salgadinhos e refrigerantes para uma festa dos servidores. Para comprar enxoval de bebê foram dispendidos R$ 6.800. O dinheiro do PAB foi usado ainda em fitas, toalhas e fotos.

Em Conceição do Jacuípe, Bahia, os recursos do Fundo da Educação (Fundef) serviram para a contratação de shows. So o cachê da cantora Carla Cristina levou R$ 6 mil do Fundef. Constam ainda gastos com ornamentação da festa de confraternização e até na contratação de jurados, que consumiram R$ 2.800. A prefeita Tânia Yoshida não se manifestou sobre os gastos, quando foi procurada pela CGU. A prefeita utilizou recursos do PAB em serviços de borracharia e ainda emitiu notas fiscais adulteradas para tentar encobrir desvios de recursos da Saúde.

Em Joselândia, Maranhão, a prefeitura usou dinheiro do Programa de Controle de Doenças na compra de sucos, biscoitos e leite em pó. A mesma fonte serviu para pagar restaurante e comprar uma urna funerária de luxo. Joselândia emitiu pagamentos de R$ 388 mil em notas fiscais clonadas ou emitidas irregularmente. As empresas negaram o fornecimento dos bens. A prefeitura culpou o prefeito morto Ariosvaldo Souza Santos, mas a CGU responsabilizou também o prefeito José Ribamar Meneses.

Em Tesouro, Mato Grosso, a prefeitura gastou dinheiro da Saúde na contratação de um vaqueiro para prender animais soltos na rua. Em Araguari, Minas, o repasse do PAB foi gasto com areia, máquina de cortar vergalhão, tábuas e tubos.

Em Santo Antônio, Rio Grande do Norte, as verbas da Saúde pagaram filmagens e refeições em pizzaria.

Em Itariri (SP), parte do dinheiro do PAB foi gasto na confecção de 20 faixas, na compra de um tambor e em serviços de telefonia.

Em Simolândia, Goiás, parte das verbas repassadas para a área de Saúde foi destinada à compra de peças, serviços elétricos e mecânicos. Em Rio Claro, no Rio, a mesma verba serviu para adquirir uma impressora e para transferir dinheiro para o sindicato rural do município. Em Paulistana, Piauí, a prefeitura não conseguiu comprovar a destinação de R$ 1,4 milhão do Fundef.