Título: Governadores querem PMDB de fora
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 29/06/2005, Brasília, p. D3

Os governadores Joaquim Roriz (DF) e Germano Rigotto (RS) decidiram ontem, durante encontro no Palácio do Buriti, reunir os outro cinco governadores do PMDB nos próximos dias para afinar um discurso sobre o posicionamento diante do possível apoio do partido ao governo federal. A partir da discussão entre os chefes do Executivo do DF, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, do Rio de Janeiro, de Tocantins e de Pernambuco, eles pretendem redigir uma nota marcando posição contrária à ocupação de cargos na administração petista mas reafirmando a sustentação da ''governabilidade'' a partir de uma agenda positiva com participação do PMDB.

A reunião dos peemedebistas aconteceria hoje mesmo em Brasília, mas acabou sendo adiada pois, além de Roriz e Rigotto, apenas a governadora do Rio, Rosinha Matheus, havia confirmado presença. A expectativa é de que o encontro aconteça na semana que vem, após o retorno ao Brasil do governador pernambucano, Jarbas Vasconcelos. Ele está nos Estados Unidos tratando de um empréstimo com o Banco Mundial.

Na última sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dobrou a oferta de participação do PMDB no governo. Além das duas pastas ocupadas hoje pela legenda - Previdência e Comunicações - Lula ofereceu ao presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), e ao presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), outros dois ministérios.

- Se vai mexer nos ministérios, é hora de o presidente escolher os melhores nomes, onde estiverem. E não querer fazer maioria no Congresso em troca de espaço no governo. O caminho é termos o governo procurando no PMDB uma discussão de conteúdo e propostas, sem misturar isso com espaço e cargos - afirmou Rigotto.

Estados - Apesar de líderes governistas no Congresso Nacional começarem a acenar com um possível ''entendimento eleitoral'' entre petistas e peemedebistas nos estados, políticos brasilienses acreditam que as chances de aproximação no DF - onde as duas siglas polarizam a disputa ao Palácio do Buriti - são remotas. Integrantes das chamadas alas esquerdas do PT vão além: afirmam que, caso haja imposição do Palácio do Planalto na corrida pelo Buriti, os esquerdistas aglutinarão forças e lançarão candidato próprio.

O deputado distrital Chico Leite (PT) acredita que o afrouxamento das grandes críticas à gestão Joaquim Roriz poderá trazer uma forte reação da militância. A colega de bancada, Arlete Sampaio, ressalta que em alguns estados não há qualquer dificuldade de composição, como no Paraná. Mas ela destaca que ''o PMDB de Roriz não é o mesmo PMDB de Ulysses Guimarães''.

- O que se pretende em plano nacional não pode apagar a história de confronto do PT com o grupo que representa o PMDB aqui no DF - defende Arlete.

O deputado distrital Chico Vigilante, integrante da corrente majoritária do PT, descarta qualquer hipótese de desistência de candidatura própria. Ele diz ainda que o PMDB nacional alinhar-se com o Planalto não significa que o PT local seguirá orientações de Roriz.

- É preciso ver que a pauta dos congressistas, voltada para cargos e poder, é diferente da pauta dos governadores, que é um verdadeiro varejão. Os governadores não impedirão as negociações - resumiu.

No entanto, há quem veja com bons olhos a aproximação entre as antagônicas legendas.

- Acredito que até nosso relacionamento aqui na Câmara Legislativa deve melhorar - afirma o líder do PMDB na Câmara Legislativa, Odilon Aires, falando em ''moderação de discurso'' de ambas as partes.

No entanto, o governador Joaquim Roriz defendeu que as discussões sobre o posicionamento de seu partido fiquem fora das discussões sobre 2006.

- O PMDB tem candidato próprio a todos os níveis, questão que não discutiremos agora. Nosso entendimento não entra 2006 em nenhuma hipótese - garantiu Roriz.