Título: Pressão para cassar liberdades
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Fonte: Jornal do Brasil, 30/06/2005, Internacional, p. A8
TEERÃ - O ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad já começou a receber ontem pressões de partidários radicais para que limite as liberdades sociais estabelecidas pelo atual governo reformista de Mohamed Khatami.
- A cultura islâmica e revolucionária vem sendo negligenciada nos últimos anos - afirmou o parlamentar linha-dura Mohammad Taqi Rahbar, de acordo com a agência de notícias oficial Irna. - Mesmo quando as mulheres tiram os pequenos lenços que usam em vez do véu adequado, ninguém diz nada - afirmou ele, acrescentando que a convivência entre mulheres e homens em público também contraria os valores da sociedade islâmica, assim como o uso de maquiagem.
A vitória de Ahmadinejad deveu-se em parte ao apoio de religiosos ultraconservadores e organizações como a milícia religiosa Basij, que assegura o cumprimento do rígido código de conduta islâmico.
Mas analistas afirmam que o novo presidente terá de ser cauteloso para equilibrar as crenças dos ultraconservadores sem causar instabilidade social com a cassação das liberdades.
- A expectativa dos linha-dura é de que ele reduza as liberdades sociais - disse o sociólogo Mohammad Razeghi. - Será uma escolha difícil.
- Isso pode causar uma reação violenta - opinou Saeed Tahmouresi, professor de Política da Universidade de Teerã.
Mehdi Kalhor, o nome mais cotado pelos jornais para o Ministério da Cultura, tentou passar a imagem de moderação e afastar a preocupação com o fim das liberdades.
- Os esforços de Ahmadinejad são para impedir a interferência do Estado no espaço privado - disse Kalhor. - Somos contra a supressão e a censura.
Mas o porta-voz de Ahmadinejad disse que a opinião de Kalhor não representa a política cultural do presidente.
As declarações do possível ministro também foram duramente criticadas por parlamentares conservadores