Título: Abatido, presidente critica governadores
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 30/06/2005, País, p. A2
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou ontem irritação com alguns governadores que não são ''parceiros'' nem ''justos'' com o governo federal. Pela manhã, Lula recebeu no Planalto os governadores Germano Rigotto (PMDB-RS), Blairo Maggi (PPS-MT), Paulo Souto (PFL-BA) e Marconi Perillo (PSDB-GO). A seguir, entraram em seu gabinete representantes da CNA e líderes da bancada ruralista, que foram ao Planalto cobrar mais recursos para o setor. Muito abatido, segundo ruralistas, Lula criticou ''alguns'' governadores:
- Alguns governadores não têm sido parceiros comigo. Precisam ser mais justos. Alguns têm dado declarações querendo jogar todos os problemas no governo federal.
Lula fez uma autocrítica:
- Eu também agia assim quando era oposição, em tempos de greve. Quando estava no sindicato, pensava que o governo federal poderia resolver todos os nossos problemas.
Segundo o presidente, que tenta esfriar a pior crise de seu governo, os governadores deveriam evitar os ataques gratuitos:
- O governadores deveriam amenizar a situação.
Aos ruralistas, que promovem em Brasília o chamado tratoraço, Lula fez um pedido semelhante:
- Não pode haver uma incitação dos produtores rurais contra o governo.
A irritação de Lula com os governadores ganhou força nos últimos dias depois que sete governadores do PMDB disseram que o partido deveria recusar os quatro ministérios oferecidos por Lula em troca de apoio no Congresso. No início da tarde de ontem, Lula recebeu uma carta do presidente do PMDB, deputado Michel Temer, na qual ratificou a posição dos governadores peemedebistas.
Ontem, a reunião de Lula com os governadores foi marcada às pressas. Os quatro vieram a Brasília para engrossar a manifestação dos ruralistas, mas foram convidados pelo Planalto a entrar no gabinete antes dos ruralistas.
Na saída do Planalto, os governadores disseram que, no encontro, trataram apenas da questão agrícola. O governador gaúcho disse que o partido, apesar de recusar os cargos, deve contribuir para a governabilidade.