Título: Campanha vai custar US$ 4 bilhões
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/10/2004, Internacional, p. A-7
Estudo indica que gastos vão crescer 30% em relação a 2000 e chegar a níveis sem precedentes na história política americana
A corrida pela Casa Branca e pelo Congresso americano vai custar um valor recorde de US$ 3,9 bilhões, de acordo com um estudo feito pela organização não-partidária Center for Responsive Politics, que monitora, em Washington, os gastos de campanha. A estimativa representa um aumento de 30% em relação aos US$ 3 bilhões gastos nas eleições federais de 2000.
Apenas a corrida presidencial, abastecida por pesados investimentos do presidente George Bush, do senador John Kerry, dos partidos políticos e de vários grupos simpatizantes que gastaram milhões em anúncios e mobilização de eleitores, custará mais de US$ 1,2 milhão. O valor também é sem precedentes, segundo a estimativa da organização, que fez questão de ressaltar que trabalhou com dados bastante ''conservadores''.
O aumento com os gastos se deve principalmente ao crescimento das contribuições feitas diretamente aos candidatos- chamada nos EUA de ''hard money''-, que devem ser declaradas. O limite máximo dessas doações foi ampliado na nova lei de financiamento de campanha, que baniu os gastos ilimitados com ''soft money'' - dinheiro doado aos partidos nacionais e não diretamente ao candidato, que não precisa ser declarado. Este fundo é normalmente empregado em anúncios feitos por organizações que apóiam a campanha, mas que não podem promover o candidato diretamente.
- Os gastos com as eleições deste ano, tanto para a Casa Branca quanto para o Congresso, quebrarão todos os recordes anteriores - afirmou Larry Noble, diretor executivo do Center for Responsive Politics.
A maior parte do dinheiro nesta eleição, de longe, está vindo de doações individuais, tanto aos partidos quanto aos candidatos, tendência que segue a dos últimos anos. As contribuições individuais deverão responder por um total de US$ 2,5 bilhões até 2 de novembro, dia da eleição. Isto representa um aumento de mais de US$ 1,5 bilhão em contribuições individuais em comparação com a eleição passada.
Curiosamente, as doações vindas de mulheres representam uma parte maior desde as eleições de 1989. As doadoras do sexo feminino deram 28,9% do dinheiro coletado em quantias superiores a US$ 200 a candidatos federais. No último pleito as contribuições representaram 26,1% e 24,4% em 1996, nesta categoria.
O aumento da doação do eleitorado feminino foi sentido, em especial, pelos partidos políticos. Até agora, nesta eleição, as mulheres contribuíram com 29,2% do total arrecadado pelos partidos nas contribuições de mais de US$ 200. Na disputa entre Bush e Al Gore, em 2000, elas deram 23,3%. Na corrida eleitoral de 1996, foram 21,3%.
Outra constatação do estudo foi a de que praticamente todos os indivíduos deram o máximo permitido a um candidato presidencial, apesar do aumento do limite de contribuição. Depois da reforma na lei, o valor máximo passou de US$ 1 mil para US$ 2 mil por indivíduo. Este ano, 106.595 contribuíram com o maior limite permitido, número praticamente igual ao da eleição passada.
O segundo maior bloco de doadores é o de comitês de ação política. A organização estima que contribuirão US$ 384 milhões este ano, um aumento de 33% em relação há 4 anos, quando os comitês deram US$ 288 milhões.
Do próprio bolso, os candidatos federais vão gastar US$ 144 milhões até o fim da campanha. Em 2000, foram US$ 205 milhões, mas o valor incluía o investimento milionário do ex-presidente de um banco de investimentos Jon Corzine, que concorria para o Senado e também os US$ 48 milhões gastos por Steve Forbes com sua falida candidatura à Presidência.
Segundo o Center for Responsive Politics, as estimativas foram baseadas nos dados de financiamento de campanha divulgados esta semana pela Comissão Federal Eleitoral e pelo Serviço de Receita Interna.