Título: Renan quer atrasar recesso
Autor: Luis Orlando Carneiro e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 01/07/2005, País, p. A6

BRASÍLIA - O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-PE), afirmou que não vai permitir que a Casa entre em recesso antes de votar projetos importantes para a população, como o referendo do desarmamento. O recado vem em resposta às atividades da Câmara, que há três dias caminham com lentidão no processo de destrancar a pauta. Ontem, depois de uma manhã de discussões no plenário, os deputados só conseguiram votar a medida provisória, que abre crédito de R$ 299 milhões para a manutenção da tropa brasileira na Missão de Paz da ONU no Haiti. - Não vou levar a LDO para sessão do Congresso antes de votar coisas fundamentais ao país - afirmou Renan.

Em reunião com as lideranças de partidos, Renan acertou com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE) a próxima sessão do Congresso, quando serão lidos os requerimentos que pedem a abertura da CPI mista do Mensalão. O senador peemedebista espera com ajuda de Severino fazer a leitura do requerimento às 20h de terça-feira, depois das votações da pauta da Câmara.

Mas Renan poderá encontrar uma certa resistência à proposta. De acordo com a pauta da casa baixa, a próxima matéria a ser apreciada seria a votação do requerimento, que pede CPI para investigar a possível compra de votos de parlamentares desde 1995. Como a oposição é contra a medida pode acontecer das discussões serem estendida por todo o dia.

A oposição aceita votar a CPI na Câmara desde que a comissão se limite a investigar o esquema de compra de votos no período do governo FH e retire a menção ao esquema do mensalão.

- Como é que vão investigar acusações que caem no colo deles. Esta CPI que estão propondo é a da vergonha, não faz sentido. Os acusados serem os investigadores? - criticou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE).

Líder do PSDB, o deputado Alberto Goldman (SP) propôs inclusive que se faça a CPI mista do Mensalão e a das mesadas no governo FH, apenas na Câmara. Mas a bancada governista não concorda com a idéia de senadores investigarem deputados.

- Independente do impasse na Câmara faremos a sessão de leitura do requerimento na terça. Nem que Severino interrompa a ordem do dia por alguns minutos. Mas isto, ainda está sendo negociado - afirmou Renan, que se diz preocupado em votar o referendo do desarmamento com urgência na próxima semana.

Mas o presidente do TSE, ministro Carlos Velloso, confirmou no início da noite de ontem que não há mais tempo para o referendo. O maior entrave é que hoje o Judiciário entra em recesso.

Segundo Velloso, o prazo seria exíguo e, assim, o referendo teria de ser realizado além do mês de outubro, ou no próximo ano. Mas Velloso se comprometeu em aproveitar a sessão solene de hoje para reunir os ministros em sessão administrativa e tentar encontrar uma solução.