Título: Presos por 444 dias
Autor: Olivia Hirsch
Fonte: Jornal do Brasil, 01/07/2005, Internacional, p. A8

TEERÃ - Em 4 de novembro de 1979, entre 300 e 400 estudantes islâmicos pularam o muro da embaixada dos EUA em Teerã, fazendo reféns diplomatas, militares e funcionários da embaixada.

Cerca de 60 reféns, de olhos vendados, foram distribuídos por prédios. Após a libertação de alguns por motivos humanitários, 52 continuaram presos. Os estudantes exigiam a extradição do Xá, Mohamed Reza Pahlevi, apoiado pelos EUA, e a restituição de sua fortuna ao Irã.

A posição dos estudantes permaneceu imutável durante os 14 meses de seqüestro, que terminou em 20 de janeiro de 1981, dia da posse do presidente Ronald Reagan, sucessor de Jimmy Carter.

Aparentemente improvisada, a tomada foi rapidamente capitalizada pelo regime islâmico. A hierarquia religiosa apoiou a revolução, imprimindo-lhe um viés radical. Em seguida, pediu a derrubada do governo de Mehdi Bazargan, acusado de querer negociar com o ''satã'' americano.

A crise chegou ao auge após a demissão de Bazargan e a tomada do país pelo ''Conselho da Revolução''.

Em represália, os EUA decretaram embargo sobre bens de consumo e congelaram as contas bancárias iranianas. As relações diplomáticas com Teerã foram rompidas cinco meses depois, em abril de 1980. Neste período, houve uma frustrada tentativa de libertação do reféns, a Operação Desert One. Descobriu-se então que estavam dispersos pelo Irã. Os 52 americanos só foram libertados em 20 de janeiro de 1981, após um acordo mediado pela Argélia.