Título: Menos crescimento e mais inflação
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Fonte: Jornal do Brasil, 01/07/2005, Economia & Negócios, p. A17

BRASÍLIA - Menos crescimento com mais inflação. Esse é o cenário traçado pelo Banco Central para este ano: sem incluir a recente alta dos juros como uma das causas da desaceleração da economia, o BC reduziu de 4% para 3,4% sua estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB). Já a nova projeção para o aumento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu de 5,5% para 5,8% - acima dos 5,1% perseguidos pelo BC. Os números constam no Relatório de Inflação, publicado a cada três meses. O diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, disse que um dos responsáveis pela menor expansão do nível de atividade é a inflação, e não os juros da economia.

- Quando a inflação acelera, há um efeito imediato sobre a renda - disse.

A inflação mais elevada observada até agora é, segundo o BC, reflexo de fatores sazonais, como reajustes de mensalidades escolares e alimentos. Os reajustes mais elevados nos preços administrados (tarifas públicas e combustíveis) também se traduziram em pressão inflacionária.

- A alta dos juros serve para preservar o crescimento de médio prazo - insistiu o diretor.

Segundo esse raciocínio, a alta dos juros serve para evitar que a produção e a renda sejam corroídos pela alta de preços.

Nas projeções do BC, o item que mais influenciou na queda da projeção de crescimento foi a estimativa para os investimentos. No final de 2004, esperava-se que os investimentos fossem apresentar uma expansão de 6,9% neste ano. Hoje, esse número foi reduzido a 2,3%. Ainda assim, Bevilaqua defendeu as altas de juros.

- O crescimento de 2004 foi muito alto - disse, acrescentando que a redução é natural.

O presidente do BC, Henrique Meirelles, admitiu que os juros reais são altos, mas afirmou que desde 1999 caíram pela metade.

- É nossa expectativa que este processo continue nos próximos anos. O que não podemos fazer são medidas artificiais que trazem alívio momentâneo, mas depois geram desastre - disse, em audiência na Câmara.