Título: Codelco abre contratos
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 03/07/2005, Internacional, p. A13

No centro do debate sobre corrupção no Chile, a Codelco negou, na semana passada, que esteja envolvida em pagamento ilícito de benefícios. O presidente-executivo da estatal, Juan Villarzu, mandou publicar uma lista com ''todos os contratos anuais'' de consultoria que somassem mais de US$ 250 mil.

- Esta é uma campanha baseada em falsas informações, para manchar a imagem da empresa - criticou Villarzu.

O ministro da Economia, Nicolas Eyzaguirre, também saiu em defesa da exploradora das maiores jazidas de cobre do mundo. Eyzaguirre, que ainda é membro do comitê de diretores da Codelco, afirmou que a companhia segue as mesmas regulamentações que obrigam outras firmas a publicarem relatórios de seus ganhos.

Os críticos discordam:

- Olhe para o balanço de uma empresa qualquer e o da Codelco e você vai descobrir que a informação dada pela estatal é zero - afirmou a senadora Evelyn Matthei, da UDI.

Ao que Eyzaguirre reagiu:

- A Codelco é uma empresa, não um ministério. E como qualquer outra firma, tem por objetivo aumentar seu valor. Publicar informações que a lei não obriga significa prejudicar a possibilidade de ganhos - justificou.

A estatal é hoje a maior fonte comercial de renda do governo chileno. No ano passado, teve um recorde de US$ 3,3, bilhões na exportação de 1,84 milhões de metros cúbicos de cobre fino. Desde o retorno do Chile à democracia, em 1990, a Codelco é alvo da direita, que quer privatizá-la.

- É senso comum acreditar que privatizações diminuam a corrupção, o que nem sempre é verdade - afirma o cientista político Alfredo Rehren.

- A direita neo-liberal no Chile tende a achar que empresas gerenciadas pelo Estado tendem a ser muito burocráticas e pouco competitivas. Mas esse argumento não funciona com a Codelco, que está longe de ser deficitária - acrescente a socióloga Stéphanie Alenda.

Os especialistas acreditam que, desta vez, mais do que tentar trazer a Codelco para o setor privado, a oposição quer pressioná-la a ser mais transparente em seus contratos terceirizados. Rehren nota ainda que, no total, o montante pago pela estatal por serviços não-licitados não chega a US$ 17 milhões.

- Não é argumento suficiente para uma convincente campanha de privatização - assegura. (S.M.)