Título: Bush mais perto do G-8
Autor: Alex Keto
Fonte: Jornal do Brasil, 04/07/2005, Internacional, p. A12
Ao prometer mais ajuda para a África, o presidente americano, George Bush, demonstrou o desejo de avançar no sentido de aproximar os Estados Unidos dos países do G-8 (grupo que reúne as sete nações mais industrializadas do mundo e a Rússia). Durante discurso, quinta-feira em Washington, o presidente anunciou três novas iniciativas com o objetivo de ajudar o continente africano. Mas, apesar das promessas, ainda há pontos de tensão entre Washington e os demais países do G8.
As novas propostas de Bush para a África são o empenho de US$ 1 bilhão para combater a malária por cinco anos, US$ 400 milhões destinados à educação por quatro anos e US$ 55 milhões a serem aplicados em programas de valorização dos direitos da mulher, durante três anos. Segundo o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Stephen Hadley, esse pacote, somado aos US$ 674 milhões em ajuda humanitária anunciados recentemente e outros projetos, demonstram que os Estados Unidos estão dobrando sua ajuda à Africa.
- Se você considerar o ano de 2004, a ajuda que o país forneceu através de instituições multinacionais chegou a US$ 4,3 bilhões. E os programas governamentais, tanto a continuação quanto a expansão deles, além dos três novos anunciados recentemente, elevarão este valor para US$ 8,6 bilhões até 2010 - disse Hadley.
No entanto, há dúvidas de que os novos pacotes de ajuda sejam suficientes para estancar a onda européia de críticas aos Estados Unidos na questão da ajuda aos povos africanos. Em recente entrevista com o presidente Bush, jornalistas do The Times, de Londres, assinalaram que os Estados Unidos atualmente destinam apenas 0,16% do seu Produto interno Bruto para ajuda à África e perguntaram a Bush se isso seria suficiente. Ele respondeu que medir a ajuda oferecida através de percentuais do PIB pode ser conveniente para os europeus, mas não faz justiça ao que vem sendo feito pelos EUA.
Outra questão que pode gerar conflito na reunião do G-8 é a relativa ao Zimbábue. Bush já deixou claro que detesta o presidente Robert Mugabe.
- As coisas precisam mudar no Zimbábue. Mugabe é um péssimo exemplo - comentou o presidente americano.
Bush disse ainda que os países vizinhos ao Zimbábue têm o dever de pressionar Mugabe.
Um terceiro ponto de conflito que certamente emergirá durante o encontro do G-8 é a posição americana a respeito das mudanças climáticas no mundo. Para Stephen Hadley o problema é muito mais complexo e não basta limitar as toneladas de poluentes despejadas na atmosfera. Como exemplos ele listou os problemas relacionados à poluição de forma mais ampla, à pobreza e ao fato de que cerca de 2 bilhões ainda não possuem acesso a energia.
- São desafios que temos pela frente e que merecem nossa atenção e ação - destacou Hadley.
Ele previu que, ao final do encontro que começa na quarta-feira, haverá um comunicado oficial expressando o compromisso dos países envolvidos em desenvolver novas tecnologias e promover um amplo estudo dos problemas apresentados.