Título: Informatização ajuda gestão escolar
Autor: Marcela Canavarro
Fonte: Jornal do Brasil, 04/07/2005, Economia & Negócios, p. A20
A informatização das escolas e da administração pública como incentivo à eficiência da gestão de recursos financeiros e humanos e ajuda à promoção da inclusão digital são os objetivos do projeto de informatização das escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro. O sistema foi apresentado pelo secretário estadual de Educação, Claudio Mendonça, na mesa-redonda promovida pelo Jornal do Brasil, na última segunda-feira. Iniciado há um ano, o projeto começou a ser implementado nas escolas a partir de julho de 2004. Segundo o secretário hoje são 38 mil turmas incluídas no sistema, de 1.517 das 1.685 escolas estaduais.
- Tivemos um aumento de 79% no número de alunos no Ensino Médio. O financiamento do desenvolvimento não pode ser discutido somente sob o prisma da dívida externa ou do investimento de recursos. Precisamos, por exemplo, reduzir a repetência escolar e, para isso, é preciso uma boa gestão das informações - afirma Mendonça.
Com o sistema informatizado, a Secretaria Estadual de Educação tem meios para um controle mais efetivo de prazos de entrega de notas, identificação das escolas com melhores rendimentos e cruzamento de dados com outras informações, como renda média da região em que a unidade de ensino se localiza.
Os inúmeros filtros possibilitam o cruzamento de dados para embasar políticas públicas mais amplas e que, em breve, alimentarão o portal da secretaria para que pais e alunos possam acompanhar o rendimento escolar ao longo do ano letivo.
Dividido em três subsistemas, o sistema completo gera informações para o Business Intelligence, ferramenta de gestão estratégica que permite armazenar dados georeferenciados e em formato tabular.
O primeiro subsistema implementado foi a Rede Estadual, que permite o acesso a documentos legais da unidade de ensino, como o registro e a modalidade de ensino autorizada e publicada no Diário Oficial.
O Quadro de Horários na Internet (QHI) é o subsistema responsável por gerenciar a alocação de turmas e professores nas diversas unidades do estado. Com isso, a secretaria e as Coordenadorias Regionais de Educação podem identificar os locais com demanda por professores e localizar os profissionais com horário disponível para alocação.
- Não estamos lidando com um produto como sanduíche ou caneta. São pessoas com uma história, com horários e que precisam, por exemplo, morar perto da escola em que há necessidade de um professor - afirma o secretário.
Para alimentar o sistema com os dados gerados na escola, como notas de alunos e relatórios de freqüência e rendimento, as unidades de ensino têm acesso ao Sistema de Gestão Escolar (SGE). Também está disponível uma linha 0800 para suporte. Para a diretora da Escola Infante Dom Henrique, em Copacabana, Heloísa Martins, a informatização tornou mais eficiente a gestão dos 1.840 alunos da unidade.
- Os professores passaram a respeitar mais os prazos porque agora há uma cobrança mais forte da Secretaria de Educação.
A adesão ao sistema foi mais fácil na Infante Dom Henrique porque a escola já era informatizada. Ainda assim, a secretária responsável pelo acesso à ferramenta recebeu treinamento quando o sistema foi instalado. Outras 500 máquinas tiveram que ser compradas para equipar escolas que não tinham computador.
De acordo com o subsecretário de Gestão de Informações do Estado, Sylvio Jorge, algumas escolas já tinham iniciativas individuais de informatização do sistema, o que gerou um quadro de mais de 40 fabricantes diferentes de softwares sendo utilizados. Hoje, segundo ele, mais de 90% das escolas estão integradas.
Para isso, durante um ano, foi feita a padronização do sistema de avaliação, já que alguma escolas utilizavam notas, outras conceitos. Também havia divergências na divisão do ano letivo em bimestres ou trimestres.
O trabalho de desenvolvimento e padronização de softwares foi realizado em convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A propriedade dos códigos-fonte é da Secretaria Estadual de Educação, que já fechou convênio com 17 municípios do estado para integrar as redes estadual e municipal. Negociações com outras cidades estão em andamento.
De acordo com o secretário, o projeto deve estar 80% implementado até setembro deste ano. Os próximos passos são permitir o acesso aos dados pelo site da secretaria e incluir um quadro de horários para outros servidores públicos das escolas, além dos professores, como faxineiros e secretários. O orçamento é de R$ 4,5 milhões.