Título: Balança comercial faz história
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Fonte: Jornal do Brasil, 02/07/2005, Economia & Negócios, p. A22

Com um resultado de US$ 4,031 bilhões, o saldo da balança comercial em junho alcançou o melhor desempenho mensal da história do comércio exterior brasileiro. As exportações no período superaram pela primeira vez a barreira de US$ 10 bilhões. Com isso, este será o quarto mês consecutivo em que as exportações ultrapassam os US$ 9 bilhões/mês. - No segundo semestre deste ano, a média mensal deve ficar em US$ 10 bilhões - comemorou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, durante a divulgação do resultado da balança comercial.

Essa combinação de resultados no primeiro semestre permitiu que o superávit nos primeiros seis meses deste ano ficasse em US$ 19,671 bilhões, o que torna mais possível que a meta anual de US$ 30 bilhões do BC seja superada. Os analistas projetam superávit de US$ 35 bilhões.

A corrente de comércio (importações mais exportações) chegou a US$ 87,6 bilhões, um valor 22,4% superior ao registrado nos primeiros seis meses de 2004. No acumulado de 12 meses, a corrente alcançou US$ 175 bilhões. De acordo com o Ministério, esse indicador nunca havia superado essa marca em igual período.

O vigor das exportações brasileiras pode ser atribuído ao resultado das vendas externas de produtos manufaturados e semimanufaturados. No caso dos manufaturados, um dos destaques foi o segmento de telefones celulares, que teve um crescimento de 124,2%, em dólares, na comparação entre os primeiros meses deste ano ante o mesmo período de 2004. No grupo dos semimanufaturados, ferro fundido e açúcar em bruto - com taxas de crescimento no semestre de 182% e 106,4% - foram os principais produtos.

Já o complexo soja, tradicional líder da pauta de exportação, teve declínio. As vendas externas de soja em grão caíram 20,2% e as de farelo de soja, 22%. - Essa redução reflete a quebra da safra e também preços internacionais mais baixos - disse o ministro Furlan.

Por causa do real forte, segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), entre janeiro e maio deste ano houve uma redução de 8,8% no número de empresas exportadoras de pequeno e médio portes. Os picos históricos da balança no primeiro semestre contrariam, no entanto, as expectativas dos analistas de comércio exterior e exportadores, que previam diminuição do ritmo de vendas externas por causa da apreciação do real.

Furlan, entretanto, reconheceu que o câmbio tem sido desfavorável para os setores calçadista e têxtil. Para ele, também há outros setores que podem ser comprometidos.

- Já começamos a sentir algum impacto do câmbio no setor automotivo - avaliou.