Título: Campo Majoritário tenta salvar Genoino
Autor: Clarisse Meireles, Paulo Celso Pereira, Paulo de T
Fonte: Jornal do Brasil, 05/07/2005, País, p. A2
Uma parte do PT, em especial do Campo Majoritário, ainda joga suas fichas para tentar salvar o mandato de José Genoino como presidente do partido. A esquerda da legenda defende abertamente que toda a Executiva Nacional seja afastada, reforçando o coro de outros setores do partido, após a descoberta do empréstimo junto ao Banco BMG, tendo como avalista o publicitário Marcos Valério. Líderes petistas, contudo, como o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), apostam na história ética de Genoino para defender sua permanência. Ontem, o escândalo fez a primeira vítima: o secretário-geral do PT, Silvio Pereira, pediu afastamento do cargo.
Genoino por pouco não age da mesma forma no sábado. Assim que a notícia do empréstimo foi veiculada pela revista Veja, o petista cogitou renunciar à presidência, reclamando que não tinha recebido informações precisas das demais instâncias partidárias, sendo obrigado a negar o empréstimo, passando a imagem de mentiroso. Foi demovido por outros parlamentares, dentre os quais o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Pediram para que esperasse a reunião da Executiva, para que qualquer decisão refletisse o desejo do partido.Greenhalgh foi irônico ao ser questionado sobre a possibilidade da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, assumir a direção do PT a caso o afastamento de Genoino seja consumado. Ela é primeira vice-presidente do partido.
- Nós estamos querendo resolver a crise, não jogar mais lenha na fogueira - brincou.
A crise petista divide a legenda. As decisões da Executiva serão ratificadas na reunião do Diretório Nacional, antecipada para o próximo final de semana, em São Paulo. No partido, não há dúvidas de que, além de Silvio, devem deixar suas funções o tesoureiro Delúbio Soares e o ex-assessor da Casa Civil, Marcelo Sereno. O caso de Genoino é mais delicado. Além de contar com o apoio informal do presidente Lula, existem petistas que admitem que a destituição do presidente do PT seria uma injustiça.
- Tenho total confiança em Genoino, ele tem uma história de dedicação ao país e jamais houve qualquer fato desabonador a ele - disse Mercadante.
Para o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o partido precisa dar uma resposta rápida à sociedade. Reconhece que o momento político é muito difícil. Considera precipitado crucificar a todos da direção petista.
- Tenho dúvidas quanto ao afastamento de Genoino neste momento. Se isto acontecesse, surgiria alguma explicação plausível para o empréstimo? Não surgiria - ponderou.
O deputado Carlito Merss (PT-SC) é outro que defende Genoino, lembrando que ele assumiu a presidência da legenda em um momento difícil. Não esconde o incômodo diante da sonegação de informações de Delúbio sobre o empréstimo. Ele recorda-se de uma reunião do diretório na qual o tesoureiro apontou as dívidas da legenda, no valor de R$ 20 milhões - chegando a R$ 55 milhões se fossem considerados governos estaduais e municipais.
- O Delúbio nos falou dos empréstimos com o Banco BMG e o Banco do Brasil. Mas não falou nada do Marcos Valério.