Título: Silvinho pediu a saída de rebeldes
Autor: Clarisse Meireles, Paulo Celso Pereira, Paulo de T
Fonte: Jornal do Brasil, 05/07/2005, País, p. A2
O ex-secretário-geral do PT Sílvio José Pereira, o Silvinho, era o homem que controlava os cargos do partido, assim como seu colega Delúbio Soares controlava o cofre. Os dois são ligados ao ex-ministro José Dirceu e integram o Campo Majoritário, o grupo de Luiz Inácio Lula da Silva no PT. Para a festa da posse, em 2003, Pereira distribuiu 1 milhão de adesivos, 100 mil bandeiras, 100 mil viseiras, 100 mil ventarolas de papel e 160 mil lenços com a frase: ''Eu participei dessa mudança''. Depois, organizou a lista de todos os cargos federais e negociou sua distribuição entre petistas e aliados. Embora não tivesse cargo no governo, despachava no Palácio do Planalto.
Pereira começou a ganhar projeção no partido nas eleições de 2000, como secretário nacional de Organização. Coordenou a comissão que redigiu o novo estatuto do PT, que reduziu o poder das tendências de esquerda e reforçou o domínio do Campo Majoritário: ''O partido amadureceu, e a nossa estrutura está caduca. O estatuto representa o PT militante, do começo, não um partido aberto, como é hoje'', disse à época.
Em 2003 Pereira organizou uma campanha de filiação em massa, para aumentar a receita do PT e diminuir o poder das tendências de esquerda. Foi um dos principais defensores da expulsão dos dissidentes petistas: ele foi o autor da representação que deu origem ao processo contra a senadora Heloísa Helena e os deputados João Batista Oliveira de Araújo, o Babá (PA), e Luciana Genro (RS). ''O PT não irá tolerar indisciplina nem oposição ao governo Lula. Quem quer ser oposição tem que procurar outro caminho'', afirmou.
Ao mesmo tempo, defendeu a permanência do então governador de Roraima, Flamarion Portela, recém-filiado ao PT, apesar das acusações de desvio de verbas. Em dezembro de 2003, afirmava que não havia nada que desabonasse a conduta de Flamarion - que acabou cassado pelo TSE. Foi promovido a secretário-geral do PT em 2004.