Título: Empresários organizam boicote
Autor: Bruno Arruda
Fonte: Jornal do Brasil, 05/07/2005, Brasília, p. D5

O presidente do Sindicato dos Atacadistas do Distrito Federal (Sindiatacadista), Fábio de Carvalho, informou que representantes do comércio varejista e atacadista se reunirão quinta-feira para preparar um boicote geral aos produtos vindos de Goiânia, caso as cinco medidas anunciadas ontem entrem de fato em vigor. - Queremos chamar à responsabilidade os empresários de Goiás, para que intercedam junto à secretaria. Portanto, não vamos mais comprar nada de lá se as medidas passarem a valer - explicou Fábio de Carvalho.

Ele avaliou que, caso o boicote seja mesmo levado a cabo, haveria, em primeiro momento, uma pequena turbulência na economia local. Disse que os distúrbios durariam apenas até que novos fornecedores fossem encontrados. Para Goiás, no entanto, julga que a guerra fiscal terá enorme prejuízo:

- Se aumentarem os impostos, vamos praticamente parar de vender lá - afirmou.

José Matias Pereira, professor de finanças públicas da Universidade de Brasília, considera que a melhor maneira de lidar com a guerra fiscal seja acabando com ela por lei. Ele avalia que as disputas prejudicam sobretudo os consumidores, e devem ser cessadas por meio da uniformização de alíquotas proposta na reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional.

- Quando o incentivo fiscal é concedido, isso significa que o Estado deixa de arrecadar e sociedade é penalizada de alguma forma. O incentivo não é grátis - explicou o professor.

Ele acrescentou que a concessão de incentivos é uma aposta. Os governos assumem que as vantagens com as instalações de empresas serão maiores que a arrecadação perdida.

No entanto, alertou que mudanças nesse campo não podem ser abruptas. As conseqüências de uma extinção súbita dos incentivos no DF podem ter impactos desastrosos, como o crescimento do desemprego e o fechamento de negócios, na medida em que as empresas passarão a reavaliar as vantagens de permanecer na capital. (BA)