Título: Valério se livra de sair preso da CPI
Autor: Hugo Marques, Renata Moura e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 06/07/2005, País, p. A4

O empresário Marcos Valério vai depor hoje na CPI dos Correios como investigado, e não como testemunha. Assim, está terá o direito de se calar sempre que a resposta puder ''atingir a garantia constitucional de não-auto-incriminação''. A decisão é da vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Ellen Gracie, ao acolher pedido de liminar, na noite de segunda-feira, pelo advogado do publicitário, Marcelo Leonardo. Com isso, ele conseguiu evitar o risco da prisão de Valério caso ele se recusasse a testemunhar ou ficasse em silêncio.

- Se ele não responder o ônus é todo dele. Politicamente, é um desastre - disse Gustavo Fruet (PSDB-PR).

A oposição não detalha qual estratégia vai utilizar para burlar o habeas corpus do publicitário. Uma delas seria negociar com a presidência da CPI a suspensão da sessão, e depois de algumas horas, nova convocação. Assim, a decisão do STF não valeria, e Valério responderia como testemunha sob pena de ser preso se mentir.

Parlamentares governistas, que participam da comissão, também preparam um questionário afinado para o depoimento do publicitário. De acordo com o deputado Maurício Rands (PT-PE) a idéia é concentrar as perguntas a todo o período de relacionamento de Valério com os Correios, sobretudo de governos passados.

- Se o objetivo é aperfeiçoar as instituições, temos de entender como foi todo o processo. Não adianta trabalharmos com flashs do presente. Temos de fazer comparações, levantar tudo mesmo - disse.