Título: Jefferson mira nos fundos de pensão
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/07/2005, País, p. A6

O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) voltou a repetir suas denúncias contra o suposto pagamento de mesadas pelo governo a deputados da base aliada, dessa vez na mídia internacional. Em entrevista ao jornal argentino La Nación, publicada ontem, Jefferson afirma que há uma ''máfia dentro do governo Lula'' e que ainda não terminou de falar o que sabe.

Segundo Jefferson, o próximo capítulo da crise política pode vir dos fundos de pensão. Ao ser questionado onde vai acabar o esquema de corrupção, ele afirma:

- Quando os fundos de pensão [de empresas estatais]começarem a ser abertos à opinião pública nacional - disse.

Na entrevista, Jefferson critica mais uma vez o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu que, segundo ele, sabia de tudo e nada fez e nega ter participado do suposto esquema de corrupção.

- Sabia que existia (uma máfia) no governo, a vi, mas não fui cúmplice - afirmou.

O jornal argentino lembra do passado de Jefferson ao lado dos ex-presidentes Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso e fala do pedido de afastamento do secretário-geral do partido Sílvio Pereira.

Ontem, em conversa com promotores que apuram a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), o deputado federal relatou uma suposta prática de caixa dois comandada pelo PT para financiar campanhas eleitorais e disse que o ex-ministro José Dirceu (PT) era o ''cérebro'' do esquema.

Jefferson foi chamado pela promotoria para uma conversa informal após ter declarado existir uma relação entre o mensalão e a morte de Daniel.

O deputado disse não conhecer detalhes da denúncia de corrupção na prefeitura petista de Santo André, mas disse acreditar que tudo faz parte de um esquema nacional de caixa dois do PT.

- O modus operandi de arrecadação do dinheiro em Santo André é o mesmo que funciona nesse grupo Delúbio Soares e Marcos Valério. O que há de semelhança nisso? A maneira de arrecadar dinheiro sempre vinha via caixa dois - afirmou.

O MP sustenta que a morte de Daniel passa por um esquema de corrupção durante a gestão em Santo André. O petista foi assassinado em janeiro de 2002.