Título: Diplomatas na mira
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/07/2005, Internacional, p. A8

O grupo do jordaniano Abu Musab al Zarqawi, chefe da Al Qaeda no Iraque, reivindicou o seqüestro do embaixador egípcio no Iraque, Ihab al Sherif, sábado, em Bagdá, informaram as redes árabes Al Jazira e Al Arabiya. O diplomata egípcio de 51 anos foi levado quando caminhava sozinho por uma rua comercial da capital iraquiana. Trata-se do diplomata de maior escalão seqüestrado desde a queda do regime de Saddam Hussein em abril de 2003. A guerrilha parece os ter escolhido como alvo para tentar isolar o governo no plano internacional e dissuadir os países árabes e islâmicos de elevarem o nível de sua representação diplomática.

O panorama da ofensiva da insurgência contra a diplomacia ficou ainda mais claro depois do ataque de ontem ao embaixador de Barein, Hassan al Ansari, que foi ferido na mão ao escapar de uma tentativa de seqüestro ontem na capital iraquiana. Al Ansari foi salvo pela blindagem do carro. Além dele e do seqüestro do representante egípcio, o embaixador do Paquistão saiu ileso de um ataque e o carro do embaixador russo foi crivado de balas durante uma emboscada no caminho para o aeroporto de Bagdá. Fechando o ciclo, houve a explosão de uma bomba perto da embaixada iraniana, na terça-feira.

O novo governo iraquiano, apoiado pelos Estados Unidos, que se esforça para obter reconhecimento diplomático e assistência estrangeira, confirmou a avaliação, afirmando que o objetivo dos ataques é intimidar os diplomatas que pouco a pouco vão se instalando de volta ao Iraque.

- Eles estão tentando mandar um recado para os países para que não aumentem sua representação aqui - disse o porta-voz do governo Laith Kubba. - É uma tentativa desesperada de barrar o processo político - completou.

Segundo Kubba, autoridades acreditam que os sequestradores queriam o egípcio ou para pedir resgate com fins políticos, mas que não pretendem feri-lo. Sherif foi capturado por atiradores que estavam em dois carros, quando comprava jornal no sábado, disseram diplomatas. O fato de estar sozinho, sem nenhum segurança, em uma rua de Bagdá, levou o porta-voz a fazer uma crítica velada, ao classificar o comportamento do refém como ''estranho''.

O anúncio do seqüestro não foi acompanhado por nenhum pedido de resgate, informou a Al Arabiya mostrando na tela uma cópia do texto.

O grupo de Zarqawi reivindicou numerosos atentados, seqüestros e assassinados no Iraque desde a queda do regime de Saddam Hussein em abril de 2003. Os Estados Unidos oferecem uma recompensa de US$ 25 milhões para quem der pistas que levem ao jordaniano. Até agora, no entanto, o chefe da Al Qaeda vem conseguindo humilhar a Inteligência tanto americana quanto do novo regime iraquiano, que tomou posse no dia 28 de abril.

Dezesseis civis e dois soldados americanos foram mortos ontem. Entre as vítimas estão quatro mulheres que trabalhavam no aeroporto internacional de Bagdá, cuja van foi atacada perto do terminal.