Título: PMDB quer desfiliação de governistas
Autor: Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 07/07/2005, País, p. A7

No dia em que o o Planalto anunciou o aumento da participação do PMDB no governo, a ala do partido que se opõe a Lula deu demonstração de força ao reunir os sete governadores da legenda em um ato contra as nomeações. Como o ex-governador Anthony Garotinho havia antecipado ao Jornal do Brasil no domingo, os governadores e o presidente da legenda, Michel Temer (SP), emitiram uma nota na qual censuraram os senadores Renan Calheiros (AL), presidente do Congresso, e José Sarney (AP) por terem negociado a ampliação do PMDB no Executivo e disseram que vão expulsar do partido todos que não abandonarem os postos no governo. Os alvos são Hélio Costa (MG), que assumirá a pasta das Comunicações, e Saraiva Felipe (MG), secretário-geral do partido, que irá para a Saúde. Silas Rondeau, indicado por Sarney para as Minas e Energia, não é filiado ao PMDB.

- Os senadores Sarney e Renan Calheiros nunca estiveram autorizados a negociar cargos ou funções em nome do partido, motivo pelo qual os governadores censuram essas tratativas e reiteram que os filiados que integram o governo não representam a sigla, tanto que serão desligados do PMDB - diz a nota.

A reunião dos governadores ocorreu no apartamento de Temer, em Brasília. O primeiro consenso foi que Renan e Sarney - que não quiseram comentar a nota do partido - estão prometendo o que não podem cumprir: o aumento do apoio ao governo no Congresso.

Uma segunda avaliação é a de que colar o PMDB ao governo nessa crise política e a pouco mais de um ano das eleições seria um grande erro.

- O Lula só tem o apoio de 14% da população do Distrito Federal - disse Joaquim Roriz (DF) na reunião.

Rosinha Matheus (RJ) foi ao encontro com o marido, Anthony Garotinho.

- O PMDB não vai dar um voto a mais no Congresso pelos ministérios que recebeu. Renan e Sarney estão enganando o presidente - disse Garotinho.

Além de Rosinha, Jarbas e Roriz, estiveram no almoço Germano Rigotto (RS), Luiz Henrique (SC), Roberto Requião (PR) e Marcelo Miranda (TO). Foram ainda o ex-governador Orestes Quércia (SP) e o senador Pedro Simon (RS).

Segundo relato de presentes, coube a Requião a fala mais inflamada. Ele atacou a política econômica e acusou José Janene (PP-PR) e José Borba (PMDB-PR), suspeitos de participação no esquema do mensalão, de serem ''ladrões''. Alguns governadores defenderam que Borba seja submetido ao Conselho de Ética do partido por ter admitido negociação de cargos com Marcos Valério.