Título: Resistência a Fraga quebra discurso de união no PFL
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 07/07/2005, Brasília, p. D3
Sob um forte discurso de união, os senadores Jorge Bornhausen (SC) e Paulo Octávio (DF) filiaram ontem no PFL o deputado federal Alberto Fraga, sem partido desde março. Para Fraga, a grande vantagem de fazer parte dos quadros da sigla de oposição ao governo Lula é poder fazer livremente críticas ao Palácio do Planalto. Ele prometeu aos líderes pefelistas lutar pelo partido e ''incomodar demais esse governo''. Mas enquanto parlamentares do PFL recebiam o novo integrante no gabinete da liderança na Câmara dos Deputados, o secretário-geral do PFL-DF, Flávio Couri, produzia um documento, protocolado ontem mesmo, pedindo a impugnação da filiação de Fraga na legenda. O requerimento será analisado pela Executiva Regional em até três dias após o novo pefelista ser ouvido pelos colegas. O secretário afirma que o deputado federal ''não tem nada a ver com o PFL'', e cita como exemplo sua posição contra o desarmamento e sua suposta falta de fidelidade partidária. O PFL é o terceiro partido que recebe Fraga desde 2002.
- Posso até não ter os votos necessários para impedir, mas não vou deixar de registrar a minha posição - disse Couri, reclamando ainda que a filiação do deputado não passou pela Executiva, contrariando um acordo firmado desde à época do ingresso do distrital Leonardo Prudente na legenda.
Articulada por Paulo Octávio, a filiação de Prudente deixou irritado o deputado federal José Roberto Arruda, comunicado.
A entrada de Fraga no PFL engrossa o apoio interno à candidatura de Arruda ao Palácio do Buriti. Arruda, que até bem pouco tempo vinha flertando com PMDB e PSDB, disputa com Paulo Octávio a indicação do partido para concorrer o GDF. Fraga no PFL sinaliza com a permanência de Arruda na legenda. Couri afirma que essa aliança explícita entre os dois também pode trazer problemas. Mas destaca que, em seu pedido, ''não foi movido por isso''.
-Para entrar nessa discussão ele deveria se candidatar e ter votos primeiro. Ele [Couri]não pode ficar contra uma decisão da Executiva Nacional - defende-se Fraga.
O senador Paulo OCtávio preferiu não comentar sobre o requerimento, pois segundo ele, ainda não tinha visto o conteúdo.
Fraga evitou falar, pelo menos ontem, sobre as articulações para favorecer seu aliado na disputa.
Com as mãos no ombro de Paulo Octávio, Arruda reforçou o discurso de união.
- Este abraço não é formal, é de unidade. Temo consciência de que nossa unidade nos fortalece para que nossas posições eleitorais sejam reforçadas no DF - disse.
Nos bastidores, porém, os dois melhores colocados em todas as pesquisas de opinião sobre as eleições de 2006 têm discutido bastante suas pré-candidaturas, das quais não abrem mão.
Dificuldade - Eleito pelo PMDB, o coronel reformado da PM deixou a sigla no ano passado e ingressou no PTB, onde assumiu a presidência. O maior incômodo, segundo o próprio deputado, era manter a linha de duras críticas ao PT e ao governo federal em uma sigla que pertencia à base governista. Ele acabou saindo do partido após uma intervenção do então presidente nacional Roberto Jefferson, que substituiu Fraga pelo deputado distrital Gim Argello no comando do diretório regional, em uma jogada classificada como ''covarde e ardilosa'' por Fraga.