Título: PFL rechaça diálogo com Lula
Autor: Marcos Seabra
Fonte: Jornal do Brasil, 08/07/2005, País, p. A5

O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), descartou ontem em São Paulo qualquer tipo de diálogo com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. - Não queremos acordos ou conchavos propostos por este governo em termos de união nacional - disparou o senador durante a abertura do Fórum de Deputados Estaduais do partido, realizado na Assembléia Legislativa paulista.

O aviso do senador peefelista não foi gratuito, mas uma espécie de resposta ao isolamento do PFL em relação a seu principal aliado nacional, o PSDB, provocado pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Nos últimos dias, o ministro tem se comportado como interlocutor do governo junto aos tucanos com não declaradas conversas com o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. As lideranças do PFL não foram procuradas pelo governo.

Bornhausen, ladeado pelo líder do PFL no Senado, José Agripino Maia, que discursou para dezenas de deputados estaduais da legenda, disse que ele e seu partido não são adeptos do ''quanto pior melhor''.

- Estamos diante de um governo corroído e incompetente, que continua agindo com arrogância e que precisa pagar por seus pecados.

O senador não acredita que Lula sofra um processo que o responsabilize por qualquer uma das denúncias de corrupção disparadas pelo deputado Roberto Jefferson.

- Lula irá governar até o último dia de seu mandato para, depois, ser julgado nas urnas.

Para o senador do PFL, Lula irá tentar a reeleição, em 2006, mas não conseguirá ocupar novamente o posto. Agripino Maia fez eco às declarações de Bornhausen.

- Não vamos jogar no impeachment do presidente. Não temos controle dos fatos, mas pela iniciativa do PFL não vai haver impeachment. Deixem que os fatos reduzam o atual governo à dimensão que na essência ele tem: pequinininho.

Bornhausen disse ainda que a oposição está ''empenhada em evitar alarmismo sobre reflexos da crise na economia''.

- A questão está circunscrita ao governo e ao seu partido, o PT, enquanto o Congresso funciona normalmente, com a Câmara e o Senado aprovando projetos.

A reunião de ontem do PFL marcou o ingresso do presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, deputado estadual Rodrigo Garcia, na executiva nacional do partido.