Título: A reprise de Madri
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Fonte: Jornal do Brasil, 08/07/2005, País, p. A8
Especialistas em segurança e em estudos de guerra confirmaram ontem, logo depois das explosões sincronizadas em estações do metrô e em um ônibus em Londres, que é alta a probabilidade de que o ataque seja obra da Al Qaeda, como reivindicou, pela internet, um grupo que usa o nome da rede terrorista de Osama Bin Laden.
- Esta ação tem a marca da rede, pois aconteceu na rede pública de transportes, exatamente como o que já havia ocorrido em Madri - disse Paul Wilkinson, especialista em segurança da Universidade de St. Andrews, na Escócia, lembrando do atentado no dia 11 de março de 2004, que deixou 191 mortos.
Segundo Magnus Ranstorp, outro especialista da Universidade St. Andrews, provavelmente o ataque foi coordenado por células afiliadas à rede com um número semelhante de integrantes em relação aos atentados na Espanha.
- Um ataque como o de ontem precisa ter de 10 a 20 pessoas envolvidas.
Para Ranstorp, a operação foi marcada para ontem com o intuito de coincidir com a reunião dos líderes dos países mais ricos do mundo em Gleneagles, na Escócia. E marcou um desafio ao super esquema de segurança montado para o evento.
- Não creio que tenha acontecido porque Londres será a sede das olimpíadas de 2012. Um ataque como esse não é preparado em uma noite.
Lawrence Freedman, professor de estudos de guerra da King's College, em Londres, concorda.
- Está claro o estilo da Al Qaeda. Foi durante um evento político e na hora do rush - acrescentou Freedman, lembrando que em Madri as explosões também foram cedo. Segundo o professor, as bombas no metrô fazem parte do modelo, mas a do ônibus não se enquadrariam.
- É preciso checar se havia um homem-bomba - disse, seguindo uma linha que a polícia também investiga: a de que o terrorista detonou sua bomba antes de chegar ao destino, que seria igualmente o metrô. Jonathan Eyal, diretor de estudos no Instituto Royal United Services, aponta mais semelhanças entre Londres e Madri.
- Os alvos foram as estações que se conectavam aos terminais principais. O objetivo era matar muita gente.
Também segundo Sebestyen Gorka, analista em segurança em Budapeste, há outras marcas da rede.
- A natureza sincronizada dos ataques é um ato clássico da Al Qaeda - opina.
A coincidência com um evento político igualmente remete a Madri. Lá, o ataque aconteceu três dias antes de uma eleição geral.
- Os terroristas decidiram atacar Londres depois do pleito de 1º de maio, quando Blair disse que ia continuar lutando contra o terror e com tropas no Iraque - acrescentou Eyal.
Para Efraim Halevy, ex-chefe do serviço de inteligência de Israel, os ataques em Londres vão provocar o mesmo efeito do que as bombas na capital espanhola.
- O objetivo das bombas era forçar que as tropas saíssem do Iraque.