Título: Líderes pedem união
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Fonte: Jornal do Brasil, 08/07/2005, País, p. A8

O atentado contra Londres, ocorrido durante a reunião dos dirigentes do G8 na Escócia, suscitou reações de horror, apelos por união internacional contra o terrorismo e reforço da segurança na Europa e em todo o mundo.

Em Paris, a Assembléia Nacional e o Senado suspenderam suas sessões.

- Este desprezo com a vida humana é algo que deve ser combatido com uma firmeza sempre maior e mais solidária entre as grandes nações do mundo - pediu o presidente da França, Jacques Chirac, que está em Gleneagles para a cúpula dos chefes de Estado das sete nações mais ricas do mundo, mais a Rússia. O G8 divulgou um comunicado repudiando a violência.

Os líderes russo, Vladmir Putin, e alemão, Gerhard Schröder, mantiveram seus discursos no mesmo tom de Chirac.

- Nós, os espanhóis, conhecemos os sofrimentos que o povo britânico enfrenta hoje - lembrou o primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodriguez Zapatero, nomeado após o ataque da Al Qaeda, em 11 de março de 2004, contra Madri.

Em Estrasburgo, o Parlamento Europeu fez um minuto em silêncio, num gesto de ''solidariedade com a população britânica''.

- A União Européia estará ao lado dos britânicos contra o terrorismo e a favor da liberdade e da democracia - assegurou o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso. O Reino Unido assumiu no dia 1º de julho a presidência da UE.

O Comissário Europeu para a Justiça e a Segurança, Franco Frattini, pediu para ''se ativar imediatamente a coordenação entre os serviços de informação e de polícia e oferecer à Inglaterra toda a ajuda necessária''. Bruxelas vai analisar na quarta-feira os meios de ação de que a UE dispõe. A Otan, por sua vez, convocou para amanhã uma reunião dos embaixadores de seus 26 países-membros.

Mesmo antes de o Conselho de Segurança condenar em resolução o atentado, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, já havia resumido:

- É um ataque contra a própria Humanidade.

Medidas de segurança reforçadas foram adotadas em vários países europeus, como França, Alemanha, Itália, Espanha, Polônia, Dinamarca e Bélgica, mas também na Rússia e nos Estados Unidos. Em Washington, o secretário de Segurança Interior, Michael Chertoff, afirmou que, apesar de não haver evidência de um ataque iminente em solo americano, a atenção seria redobrada nos sistemas de transporte público dentro das cidades e entre regiões. O alerta para terrorismo foi elevado para o código laranja, alto. O Japão ativou uma célula de crise.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que também está em Gleneagles participando da cúpula, apresentou condolências ao premier Tony Blair por todos os cidadãos britânicos mortos e feridos.

- O Brasil expressa sua mais firme condenação a mais essa deplorável ação terrorista - afirmou.

Do Vaticano, o papa Bento XVI condenou ''os atos desumanos'', declarando-se ''perto das vítimas''.

Até o Sinn Fein, o braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA), expressou pêsames pelas vítimas. O ataque igualou ainda o discurso de outros inimigos: Israel, a Autoridade Palestina, a Liga Árabe e o Irã condenaram as explosões.

E um dia depois de Londres ter derrotado Paris na eleição da sede dos Jogos Olímpicos de 2012, o presidente Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, escreveu de Cingapura a Blair e ao prefeito da capital, Ken Livingston, para expressar ''seu apoio e pesar''.

- Somos todos, neste instante, londrinos - declarou o prefeito de Paris, Bertrand Delanoë.

Aparentemente, as explosões não afetam a decisão do COI:

- Entendemos que estes atos não estão relacionados à escolha de Londres como sede das Olimpíadas - disse a porta-voz da entidade, Giselle Davies.