Título: Movimento de cargas sobe 40% ao ano
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 30/05/2005, Economia & Negócios, p. A21

A primeira escala do navio Carioca é o Porto de Itajaí, em Santa Catarina. Fundado no início do século passado, passou a operar em escala comercial em 1966 e teve o processo de arrendamento de seu terminal iniciado em 1999. Apesar de pequeno e com as operações limitadas pela falta de espaço, Itajaí tem apresentado taxa de crescimento do volume movimentado da ordem de 40% ao ano, quando o esperado pelo edital de arrendamento era de apenas 8%. As principais mercadorias movimentadas pelo terminal são madeira e derivados, frangos congelados, cerâmicos, têxteis, açúcar e carne congelada. Do total da carga, 84% é transportada em contêineres.

A vencedora da concorrência para arrendá-lo foi a Teconvi S/A, uma sociedade de propósito específico controlada pela construtora paranaense Andraus e criada para administrar o terminal de contêineres (Tecon) do porto.

Na chegada, já fica evidente seu maior problema: a falta de espaço. Hoje, Itajaí ocupa área de 110 mil metros quadrados, dos quais 22 mil pertencem ao Terminal de Contêineres do Vale do Itajaí (Teconvi), o único do porto e insuficiente para dar vazão à carga movimentada ali. Somente de janeiro a abril de 2005 foi movimentado o mesmo volume de todo o ano 2000, cerca de 2,01 milhões de toneladas.

Ao iniciar a operação de carga e descarga dos contêineres do CMA-CGM Carioca, o único problema parecia ser o tempo da operação. O porto de Itajaí dispõe apenas de um guindaste do tipo MHC (Mobile Hidraulic Crane), que pode movimentar de 25 a 30 contêineres por hora. Como esta máquina já estava ocupada com outra operação no porto, a tripulação do Carioca foi obrigada a trabalhar com os guindastes do próprio navio, o chamado ship's gear. Neste caso, a capacidade de movimentação de carga cai bruscamente para oito unidades por hora.

Tudo corria bem, até que a falta de infra-estrutura do porto criou um sério problema na movimentação. No meio da operação, um guindaste do navio engasgou com um contêiner repleto de madeira. A suspeita imediata dos estivadores e da tripulação do navio foi de excesso de peso. Sem conseguir movimentá-lo de maneira adequada, o guindaste ajudou apenas a colocá-lo no interior do navio, mas fora do espaço adequado. A unidade entrou enviesada, danificando seriamente a estrutura do contêiner (que abriu) e levemente a do navio.

A operação ficou interrompida por quase duas horas naquela área. Para remover o contêiner inserido na posição errada, a administração do porto teve de deslocar o MHC que estava fazendo a operação em outro navio para o Carioca. Mais potente e rápido, o MHC retirou o contêiner, que, de fato, estava acima do limite permitido de 30 toneladas - seu peso era de 40 toneladas.

O problema poderia ter sido evitado se o Porto de Itajaí tivesse balanças para conferir a carga recebida. Atualmente, existe apenas uma no terminal, o que não é suficiente para dar conta da crescente movimentação. Com o excesso de peso constatado, a tripulação do navio optou por não embarcar o contêiner, que poderia trazer mais problemas em outros portos.

Como a maior parte dos portos nacionais, Itajaí foi pego de surpresa pela escalada das exportações brasileiras. De acordo com o gerente de Planejamento do porto, Alexandre Heitmann, existe uma corrida contra o tempo na região para dar conta da demanda.

O contrato de arrendamento de áreas do porto previa uma perspectiva mínima de crescimento da ordem de 8% ao ano, bem diferente da realidade de crescimento anual de 40%.

- O crescimento foi muito maior do que o esperado. Estamos tentando antecipar ao máximo obras e compra de equipamentos. Até que, para a estrutura que dispomos, estamos fazendo um bom trabalho. Em abril, o porto movimentou 57.994 TEUs, volume 45% superior ao mesmo mês do ano passado - comenta o gerente.