Título: Cespe acusa o homem que copiava
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 27/05/2005, Brasília, p. D3

Procurador da UnB, mesmo sem prova, leva à Deco nome de ex-empregado com atitude suspeita

A polícia tem um novo nome para investigar e que pode ser o da pessoa de dentro do Cespe que repassava informações privilegiadas à máfia dos concursos. Na tarde de ontem, o procurador-geral da Fundação Universidade de Brasília, José Weber Holanda Alves, esteve na Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) para apresentar o nome de um ex-funcionário do Cespe que tinha atitudes suspeitas e trabalhava na copiadora da área gráfica. Weber foi à delegacia espontaneamente e afirmou que não existia certeza alguma quanto ao nome apresentado, mas que esta foi a única possibilidade encontrada nas discussões sobre o assunto dentro do Cespe.

- Começamos a ligar as coisas e foi o nome a que conseguimos chegar - garantiu o procurador-geral da FUB.

O nome do ex-funcionário foi revelado somente à polícia. Segundo Weber, o rapaz é jovem, de vinte e poucos anos, e trabalhava na área gráfica, com acesso às provas. A desconfiança surgiu pois ele apresentava ''comportamentos estranhos'', não informados pelo procurador. Ele teria trabalhado no Cespe entre 2001 e 2003.

Weber garantiu, ainda, que não houve vazamento do gabarito da prova de domingo passado. Hélio Ortiz, em seu depoimento à polícia, afirmou, no entanto, que seu comparsa Aléssio Alberto Campos vendeu os gabaritos da prova de Agente Penitenciário Federal.

Ainda não existe informação sobre a prisão de pessoas do Cespe e nem divulgados pela polícia os nomes de supostos envolvidos de dentro da instituição, mas a polícia suspeita do envolvimento de mais de um funcionário com a quadrilha. O delegado da Deco, Cícero Monteiro, afirmou que o nome sugerido por Weber não estava sob investigação.

- A polícia já trabalhava com a informação de que haveria uma pessoa com informação privilegiada dentro do Cespe e agora eles nos apresentaram um novo nome - disse o delegado.

Apesar dos rumores, a Polícia Civil não confirmou oficialmente a prisão do major Bonaldo Barbosa e de sua mulher Elizabeth, que estariam envolvidos no esquema.