Título: Pracinhas pedem ajuda para museu
Autor: Fernando Magalhães
Fonte: Jornal do Brasil, 25/10/2004, Rio, p. A-13

No ano da comemoração dos 60 anos da partida para a Itália, os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira, responsáveis pelo Museu da FEB, no Centro, enfrentam uma ameaça de despejo. Há três anos, a Associação Nacional dos Veteranos da FEB, que mantém o museu, não paga a taxa de de ocupação do edifício do Rioprevidência, que passou a ser cobrada no valor de R$ 1.800. Até 2001, a entidade pagava uma taxa simbólica de R$ 80, já que o terreno do museu, construído durante o governo de Carlos Lacerda, foi cedido em regime de comodato. No dia 23 de abril daquele ano, a Associação recebeu do Estado uma notificação, exigindo que o prédio fosse deixado num prazo de 30 dias. - Não temos como pagar um preço que para nós é exorbitante. Aqui se sobrevive da contribuição dos associados - explica o major reformado Antônio André, de 85 anos, responsável pelo setor de patrimônio do museu.

O impasse chegou no Ministério da Defesa, em Brasília, que pediu ao Comando Militar do Leste para encontrar uma solução. A 1ª Região Militar, que trata do Patrimônio do CML, entrou na polêmica e está tentando um acordo, através de uma permuta. A proposta é ceder para o Estado um terreno de propriedade do Exército, em Guadalupe, hoje usado por um quartel do Corpo de Bombeiros e pela Secretaria de Segurança. Em troca, o Estado cederia o local onde hoje está o museu.

A idéia já foi encaminhada, mas até agora a governadora Rosinha Matheus não deu resposta. Segundo os ex-pracinhas, a governadora acha que a troca beneficiaria apenas os militares.

Procurada pela reportagem do JB, a assessoria do Rioprevidencia, do Estado, não deu retorno.

A situação que o Museu enfrenta hoje abriu um debate sobre o futuro do acervo dos ex-combatentes, preocupados com a história de um grupo em que o mais novo já está com 78 anos.

Com um acervo que reúne, principalmente objetos utilizados e capturados pelos pracinhas durante as batalhas da Segunda Guerra Mundial, o museu possui 1.500 peças, além de uma biblioteca e uma mapoteca. São fotografias, armamentos, fardas, uniformes de enfermeiros, remédios, enlatados, mapas com cartas topográficas das regiões em combate e vitrines que mostram , por exemplo, uma situação de patrulha na neve.

O objetivo da Associação é conseguir, com a permuta com o Estado, preservar a memória tanto da Força Expedicionária quanto do 1º Grupo de Caça da Força Aérea Brasileira.

- Esse museu tem valor inestimável e é importante que tudo isso seja preservado para o futuro - defende o diretor da instituição, tenente David Rosal Gabriel.

Por causa da deterioração de parte do material, que está começando a apresentar fungos e cupins, a entidade contratou uma empresa para fazer dedetização e descupinização no prédio. Depois que o serviço estiver pronto, serão feitas cópias autenticadas dos documentos e os originais ficarão guardados. Com isso, o museu espera evitar danos ou perdas. O trabalho deve começar no mês que vem.