Título: Lula compara remédios a cachaça
Autor: Fernando Exman e Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 09/07/2005, País, p. A2

Em meio a pior crise política de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu ontem com um discurso improvisado na posse dos três novos ministros do PMDB usando frases inusitadas, como fazer exercício para poder trocar remédio por taça de vinho, substituir notícia ruim por passeio e até evitar ter filhos a cada relação. Alguns dos que estavam no salão nobre do Planalto, entre eles médicos e representantes da área da saúde, se entreolhavam a cada colocação de Lula. Outros esboçavam risos. Em tom informal, o presidente elogiou o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, dizendo que ele tem futuro, e deu ao novo ocupante da pasta, Saraiva Felipe, não só a tarefa de cuidar do ministério como a de ''dar uma ordenada'' no ''querido'' PMDB. Enquanto listava os compromissos de seu governo, Lula citou o Farmácia Popular e o fracionamento de remédios. Foi aí que veio a comparação:

- Quando alguém quer ir ao bar tomar um aperitivo, ele não chega lá e pede uma garrafa de cachaça e toma toda. Ele vai pedindo uma por uma dose. Então, remédio tem que ser assim. Por que é que tem de comprar todo de uma vez? Comprar um por um daquilo que ele quer comprar, apenas na quantidade certa.

Em seguida, ao tratar do programa de planejamento familiar, o presidente disse ser dever do Estado oferecer informações à população.

- Precisamos orientar homens e mulheres, que eles não têm de ter um filho cada vez que têm relação. Isso é o Estado que tem de fazer.

Lula também falou do programa Brasil Saudável, lançado recentemente para incentivar a população a praticar esportes. O presidente fez outra comparação.

- Conheço pessoas que tinham pressão alta e quando começam a andar passam a ter a pressão regulada. Ao invés de tomar um comprimido, pode tomar uma tacinha de vinh. Ao invés de ficar vendo na televisão notícia ruim, vai andar um pouco. Se for marido e mulher, vão de bracinho dado, namorando.