Título: Daniel manobra contra Gushiken
Autor: Fernando Exman e Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 09/07/2005, País, p. A2

O banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity, é um dos principais interessadas numa eventual saída do ministro Luiz Gushiken da Secretaria de Comunicação e Estratégia de Governo. Desde sua atuação no setor privado, no âmbito da Globalprev, antes da vitória de Lula, Gushiken orientara sua influência junto a fundos de pensão para arrefecer as investidas de Dantas. Marcos Valério, proprietário das agências SMPB e DNA, e identificado como o operador do mensalão, tentou em repetidas ocasiões aproximar Dantas do núcleo duro do governo. Gushiken sempre reprovou as movimentações suspeitas de Dantas, que já havia contratado a multinacional da espionagem Kroll Associates para investigações ilegais de membros do governo. O chefe da Secom também buscou se esquivar da excessiva influência de Valério sobre colegas de ministério e do PT. Assessores diretos de Lula creditam a Dantas a eventual deturpação dos resultados contábeis da Globalprev apresentada nos últimos dias.

O apetite de Valério ante as contas publicitárias do governo jamais contou com a simpatia de Gushiken, mesmo antes de o ministro tomar conhecimento da relação entre ele e o banqueiro do Opportunity. Esta foi a razão para que Valério buscasse Delúbio Soares também para ''corretar'' tanto sua relação com as verbas publicitárias do governo quanto com integrantes do Congresso.

Lula e Gushiken entendem que Dantas é o autor intelectual de ''aparelhos'' no Congresso e no Judiciário, especialmente no Rio de Janeiro, voltados contra a Secom e seu titular. Com o enfraquecimento da posição de Valério ante parte da cúpula do PT, estes grupos de pressão também foram se dissipando.

Considerado por Lula tão essencial à travessia da atual crise quanto o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, Gushiken é dos poucos auxiliares mais próximos ao presidente a quem Lula permite ''falar o que pensa''. Na posse dos novos ministros ontem em Brasília, o presidente ''blindou'' a permanência de Gushiken no ministério.