Título: ''Há algo podre no reino de Valério''
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 09/07/2005, País, p. A4

O relator da CPI mista dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou ontem já ver ligações entre os recursos sacados das contas de Marcos Valério e interesses políticos.

- Acredito que recursos conseguidos através de Marcos Valério foram utilizados com interesses políticos. Não posso definir em qual direção - afirmou.

De acordo com o relator da CPI, está mais que evidente o entrelaçamento entre um fornecedor que movimentava fortunas e cúpulas partidárias.

A avaliação prévia do deputado foi feita depois do depoimento de Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Valério. Na opinião do relator, o depoimento dela, que durou mais de cinco horas, foi revelador.

As declarações de Fernanda ganharam ainda mais força hoje, quando o PT admitiu que firmou um novo empréstimo - de R$ 3 milhões no Banco Rural - tendo como avalista Valério. O partido já havia assumido um primeiro contrato de R$ 2,4 milhões no BMG (Banco de Minas Gerais) com a assinatura de Valério. Este, no entanto, negava que havia uma nova operação de crédito com seu nome.

- Ele mentiu. Não tem o que falar. Eu questionei e ele disse que era o único contrato. Quando terminarmos a investigação, isso vai para a Justiça. Há algo de podre no Reino da Dinamarca. É muito complicado o que está no histórico desse Marcos Valério - avaliou.

Na próxima semana, a CPI ouvirá três ex-diretores dos Correios: Osório Batista (Administração), Maurício Madureira (Operações) e Eduardo Medeiros (Tecnologia). Outros dois ex-presidentes da estatal deverão depor, além do presidente da Skymaster, Luiz Otávio Gonçalves, empresa apontada pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como beneficiária de licitações irregulares na estatal.

Na outra semana, o secretário-geral afastado do PT, Sílvio Pereira, e o tesoureiro do partido, também licenciado do cargo, Delúbio Soares, serão inquiridos na comissão parlamentar de inquérito. Os dois já ofereceram seus dados bancários, fiscais e telefônicos para a análise da CPI.

Com Folhapress