Título: Congresso pressiona para criar a Super CPI
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/07/2005, País, p. A4

O governo tenta contornar a pressão, cada vez mais forte no Congresso, para que a CPI dos Correios centralize também as investigações do mensalão, dos bingos e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). A proposta é que se transforme na CPI da Corrupção e os focos de apuração sejam coordenados por sub-relatores. O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), defende abertamente a idéia. Em conversas com parlamentares, o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), faz coro. O governo, contudo, trabalha contra a unificação, apostando na diluição dos fatos em várias comissões. Os governistas avaliam que a oposição não terá força para atuar em quatro frentes de investigação.

- Talvez fosse uma coisa mais estruturada, as coisas se entrelaçam. Ficaria mais fácil, porque senão passamos a investigar o mesmo fato sob ângulos diferentes - defendeu Serraglio.

A CPI dos Correios está em pleno funcionamento. A dos Bingos marcou os primeiros depoimentos para a semana que vem, a do mensalão já foi criada e a do IRB está protocolada, mas seu requerimento de criação ainda não foi lido em plenário. Todas têm o objetivo de investigar supostos esquemas de corrupção no governo.

O assunto ultrpassou o tapete verde da Câmara e já chegou ao azul do Senado.

- Os fatos estão se entrelaçando. Na verdade deveríamos mudar o nome da CPI. Tinha que ser CPI da Corrupção e designar vários sub-relatores - propôs o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Conquistou o apoio do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

- Seria adequado unificar para que pudéssemos concentrar organizadamente os trabalhos - reforçou o tucano em discurso.

Na tentativa de evitar um desgaste pessoal, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), adia a decisão, como em outras ocasiões, sem levar o tema para a discussão dos líderes partidários. A ''omissão'' de Renan favorece o governo. Como não há possibilidade de acordo, as investigações tendem a permanecer como estão, ou seja, separadas.

O presidente do Senado marcou para a terça-feira, às 15h, uma reunião com os líderes do Congresso para que indiquem os integrantes da CPI do mensalão. Ao acelerar o processo, Renan cria um fato consumado, dificultando a unificação das comissões. Um dos argumentos dos governistas para barrar o processo é que as CPIs já estão funcionando.

Desde que foi criada, no entanto, a CPI dos Correios tem enfrentado dificuldades para separar as investigações sobre a denúncia de propina envolvendo dirigentes da estatal das que se referem à mesada de R$ 30 mil supostamente paga a deputados pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, pra votar a favor de projetos de interesse do Planalto, como denuncia o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).