Título: Vale quer ser líder
Autor: Marcelo Kischinhevsky e Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 09/07/2005, Economioa & Negócios, p. A19

A Companhia Vale do Rio Doce entrou no seleto grupo das empresas que não oferecem risco aos investidores, o que permitirá captar recursos a juros mais baixos para financiar sua expansão e buscar a liderança no mercado de mineração. É a primeira vez que uma companhia de capital nacional obtém o status de investment grade. A reclassificação foi garantida por uma mudança de metodologia da agência americana Moody's. Com a alteração, a Vale saltou dois degraus, de Ba2 para Baa3, quatro níveis acima do risco soberano brasileiro.

- Queremos continuar crescendo e temos que continuar crescendo. Nossa meta agora é chegar à liderança do setor. Temos condições de ser a maior companhia mineradora mundial - adiantou o presidente da Vale, Roger Agnelli.

Atualmente, a empresa figura em terceiro lugar no ranking de valor de mercado da mineração, atrás apenas da BHP Billiton e da Rio Tinto. A obtenção do status de investment grade, de acordo com a Moody's, significa que o crédito da empresa é de risco moderado e não mais especulativo. Embora a avaliação da agência tenha atingido basicamente empresas estatais, a Vale entrou no rol das beneficiadas por ter três assentos de seu conselho ocupados pelo governo brasileiro, por meio da BNDESPar, subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

- Com a melhora na nota, poderemos reduzir o custo da obtenção de capital, possibilitando uma ampliação no volume de investimentos que poderão ser feitos pela companhia - comemorou o presidente da Vale, acrescentando que a nota é o reconhecimento da política de gerenciamento da empresa e abre caminho para uma futura reclassificação do próprio risco brasileiro.

Para Sérgio Rosa, presidente da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil e um dos acionistas da companhia, a nota é um marco histórico para a economia nacional e transmite a confiança dos investidores no país.

- É um sinal muito positivo para o Brasil. A companhia só pôde receber o grau de investimento porque está ancorada numa economia sólida e confiável - ressaltou.

O anúncio criou polêmica no mercado. A Ambev se apressou em se afirmar como primeira empresa nacional a obter o grau de investimento, em dezembro passado.

- Mas eles só conseguiram depois da reestruturação acionária. Insisto que a Vale é a primeira empresa nacional a atingir o investment grade - ironizou Agnelli, referindo-se à aquisição da cervejaria pela belga Interbrew.