Título: Alerj já teve outras CPIs sob suspeita
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Fonte: Jornal do Brasil, 25/10/2004, Informe JB, p. A-4

Em quatro anos, cinco comissões de inquérito foram canceladas após denúncias de tentativas de extorsão

A CPI da Loterj não foi a primeira comissão formada por deputados sob suspeita de corrupção na Assembléia Legislativa do Rio. Nos últimos quatro anos, pelo menos cinco CPIs foram interrompidas por causa de denúncias de supostas extorsões que estariam sendo praticadas por parlamentares. Três delas aconteceram durante o último ano. - Existe uma indústria de CPIs e me parece que o deputado André Luiz é um próspero empresário no setor. Temos que pensar maneiras de, na Alerj, criar procedimentos para a instalação e condução de uma CPI - afirmou o deputado Carlos Minc (PT) , que promete oficiar o caso ao Ministério Público Estadual e Federal.

Dentre as CPIs interrompidas nos últimos anos na Alerj, duas tratavam do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Outra era na área ambiental, em que havia notícias de deputados estariam extorquindo R$ 10 mil dos investigados. Outras duas, segundo o deputado Minc, foram interrompidas ainda em plenário: uma sobre o mercado financeiro e para investigar a empresa concessionária de Água e Esgoto que atua na região do Rio Paraíba.

- Todas elas foram propostas pelo baixo clero. Essa CPI da Loterj é formada por líderes partidários respeitados. Essa informação surpreende e precisa ser apurada - defende o deputado Minc.

O senador Sérgio Cabral Filho (PMDB) garante que irá processar André Luiz por envolver o seu nome.

- Minha relação com ele é porque somos do mesmo partido. Nada mais - informou em nota.

Por meio de sua assessoria, o deputado estadual Paulo Melo, relator da CPI, disse que nunca esteve na casa de André Luiz, em Brasília, e negou fazer parte do grupo do deputado federal.

Em Goiânia, o empresário Carlos Cachoeira confirmou ter sido extorquido pelos deputados.

- O clima cordial entre nós era por conta dessa negociação - disse.

O deputado Alessandro Calazans (PV), presidente da CPI, não foi encontrado para comentar o caso. (M.A.M.)