Título: Assessor preso com dinheiro é exonerado
Autor: Paulo de Tarso Lyra, Sérgio Pardellas e Liliana La
Fonte: Jornal do Brasil, 10/07/2005, País, p. A3

Estopim da saída de José Genoino da presidência do PT, o assessor parlamentar José Adalberto Vieira da Silva foi demitido ontem, após ter sido preso no aeroporto de Congonhas, carregando R$ 200 mil numa valise e mais US$ 100 mil presos na cueca. Adalberto era assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães, irmão do ex-presidente do PT, e líder do partido na Assembléia Legislativa do Ceará. Em comunicado publicado no site do partido, o deputado reitera que ''não tinha conhecimento de que o assessor estava em São Paulo, nem de suas atividades fora do gabinete''. Segundo a Polícia Federal, os R$ 200 mil na maleta de Adalberto foram detectados pelo aparelho de raios X do aeroporto. À polícia, o assessor explicou que os R$ 200 mil eram pagamento de verduras vendidas na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo.

Adalberto foi preso por violar a legislação relativa aos crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem tributária. Os artigos das leis utilizados pelos policiais federais para enquadrá-lo se referem à omissão de informação ou à apresentação de informação falsa às autoridades.

Conforme os normativos do Banco Central, para circular com dólares dentro do país, a pessoa que transporta dinheiro tem de comprovar, com exibição de documentos, que os comprou de uma instituição autorizada.

Um dos encarregados no governo de combater a corrupção, o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Waldir Pires, afirmou ontem que a prisão do assessor petista é fato sério e levanta suspeitas de irregularidades.

- Um cara transportando R$ 200 mil numa bolsa e US$ 100 mil na cueca, evidentemente não deve ser coisa boa - afirmou Pires, ao chegar na reunião do Diretório Nacional do PT, em São Paulo.

O ministro também afirmou a existência de indícios de irregularidades em contratos nos Correios.

- Estou apresentando resultados consistentes de nossas auditorias à CPI dos Correios. Há sinais claros de que houve corrupção, mas não envolve o partido, envolve órgãos públicos.