Título: Saída de Tarso Genro amplia reforma ministerial
Autor: Paulo de Tarso Lyra, Sérgio Pardellas e Liliana La
Fonte: Jornal do Brasil, 10/07/2005, País, p. A3

A nova Executiva petista consolida o controle do Planalto sobre o partido. O Campo Majoritário, tendência que detém cerca de 60% do PT, não perdeu o controle sobre os postos-chave e desistiu de ceder espaço para as alas minoritárias em nome da unidade interna, como chegou a ser analisado. Além do ex-ministro Ricardo Berzoini, que assume a secretaria-geral, o também ex-ministro Humberto Costa ficará na secretaria de comunicação do partido no lugar de Marcelo Sereno. O deputado José Pimentel é o novo tesoureiro, no lugar de Delúbio Soares.

A escolha de Genro resolve o problema do PT e abre mais um espaço vago na equipe do presidente Lula. Em seu lugar no Ministério da Educação deve assumir, interinamente, o secretário-executivo Fernando Haddad. O PT insiste em manter o controle da pasta.

No início de 2003, o PT decidiu, para evitar confusões entre partido e governo, que petistas com cargo de comando no Diretório não assumiriam pastas no Executivo. A resolução fez com que o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, se licenciasse da presidência do PT. Genoino assumiu o lugar.

A exigência não se estende aos demais integrantes da Executiva. A renúncia dos comandantes afetou todos os postos - Tesouraria (Delúbio Soares), Secretaria Geral (Silvio Pereira), Comunicação (Marcelo Sereno) e Presidência (José Genoino). O quarteto caiu com as denúncias de mesada a parlamentares da bancada governista e de empréstimos mal explicados no BMG e Banco Rural, avalizados por Marcos Valério Fernandes, dono das agências SMPB e DNA, envolvidas nas denúncias do mensalão e dos Correios.

A escolha de Genro contou com apoio da esquerda do partido, que se absteve de indicar nomes alternativos. Antes mesmo da renúncia de Genoino, ele trabalhava para comandar o PT. Nome com trânsito em todas as tendências, fundamental neste momento de crise partidária, era apontado como opção para a presidência em setembro. Interessado em concorrer ao governo do Rio Grande do Sul, Genro acredita que o retorno à esfera partidária irá favorecê-lo no projeto.

O nome do secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, chegou a ser analisado para a presidência do PT. Mas Dulci avisou que não tinha o menor interesse no cargo.

- Se for para deixar o governo, prefiro voltar para Belo Horizonte e dar aulas.

O presidente Lula, apesar de descolar a imagem pessoal do PT, acompanha de perto a crise da legenda. Durante a viagem à Escócia, para participar da reunião do G8 (grupo dos países mais ricos do mundo), conversou sobre o partido com o ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e virtual coordenador político, Jaques Wagner.

Lula e Wagner concordaram ser fundamental uma reformulação completa da Executiva. A onda de mudanças, concordaram, deveria incluir também o governo, para garantir novo fôlego administrativo até as eleições de 2006