Título: Contas de Valério são bloqueadas pela Justiça
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Fonte: Jornal do Brasil, 10/07/2005, País, p. A5
A Justiça Federal de Belo Horizonte determinou o bloqueio das contas bancárias de Marcos Valério, publicitário que está no centro do escândalo que provocou a crise no governo Lula. A decisão foi tomada pelo juiz Amaury Silveira Martins, da 23ª Vara Federal, na sexta-feira, a pedido do INSS. As contas de Marcos Valério e da agência de propaganda DNA, da qual é sócio, serviriam como garantia de pagamento de uma dívida de R$ 8,5 milhões que a agência tem com o instituto. A quantia corresponde a uma multa aplicada por contratação ilegal de mão de obra.
De acordo com o processo, as contas substituiriam as oito fazendas, no interior do Bahia, que a DNA havia dado como garantia de pagamento. O INSS pediu o bloqueio diante das denúncias contra o publicitário e das suspeitas de que as propriedades não existam.
A DNA Propaganda informou através de um comunicado que vai recorrer da decisão ao Tribunal Regional Federal em Brasília. A empresa alega que o bloqueio das contas bancárias inviabiliza suas atividades e deverá oferecer outros bens como garantia.
Das supostas propriedades, três foram dadas como garantia em um outro processo, movido pela SCAM Propaganda S.A. contra a agência de publicidade e na qual Marcos Valério e seu sócio, Francisco Castilho, são acusados de falsidade ideológica e uso de documento falso. As fazendas seriam da empresa Agropecuária Carvic na realidade.
O Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR), do Incra, tem registro de oito fazendas em nome da DNA, nas cidades de São Desidério e Riachão das Neves, municípios que ficam na região oeste da Bahia. Segundo a empresa, as propriedades são improdutivas e foram compradas por R$ 550 mil, mas famílias de baixa renda que vivem nestes municípios afirmam que receberam pequenas somas para assinar documentos, que teriam sido usados para falsificar escrituras.
O publicitário Marcos Valério foi acusado pelo deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser o peça fundamental do suposto esquema de compra de votos de deputados da base aliada pelo PT. As acusações foram fortalecidas pelos depoimentos dados por sua ex-secretária, Fernanda Karina Ramos Somaggio, na CPI dos Correios e no Conselho de Ética e Decoro da Câmara, nos quais ela afirmou que Marcos Valério fazia viagens à Brasília com frequência levando malas de dinheiro. A DNA também responde a processo no INSS por apropriação da contribuição previdenciária de funcionários.