Título: Rebeldes assassinam 49 soldados
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 25/10/2004, Internacioanl, p. A8
Vítimas de emboscada armada por insurgentes foram executadas. Em Bagdá, diplomata dos EUA é morto enquanto dormia
Em um dos atentados mais violentos dos últimos meses, insurgentes atacaram cinco microônibus e mataram 49 soldados iraquianos treinados pelo Exército americano, na noite de sábado, em Baaquba, Norte de Bagdá. Segundo a polícia, a maioria dos corpos mortos na emboscada tinha sinais que indicavam que as vítimas foram executadas.
Em outra parte da capital, o diplomata americano Edward Seitz foi morto quando rebeldes atiraram morteiros no trailer em que ele dormia, perto do aeroporto da cidade. A embaixada americana declarou que Seitz foi o primeiro diplomata a morrer no Iraque desde o início da guerra, em março do ano passado. Desde então, cerca de 1,1 mil militares e mais de 20 civis americanos morreram em ações violentas em território iraquiano.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, que está em Pequim numa segunda etapa de uma viagem por três países asiáticos, vindo do Japão, prestou homenagem a Seitz, destacando seu valor e sua dedicação ao país e a um futuro melhor para o povo iraquiano.
A responsabilidade dos ataques, anunciada em um site na Internet, foi atribuída ao terrorista jordaniano Abu Musab al-Zarqawi.
O comunicado, de autenticidade ainda não comprovada, declara que os ''filhos da Organização Al-Qaeda da Jihad no país de Rafidain (Mesopotâmia) mataram corruptos membros da Guarda iraquiana''. O grupo, que antes se chamava Monoteísmo e Guerra Santa, mudou de nome para reafirmar a aliança com a Al Qaeda.
As mortes dos soldados, que estavam desarmados e à paisana, reforçam a idéia de que o sistema de segurança iraquiano comandado pelos americanos tenha sido infiltrado pelos insurgentes.
Os corpos das vítimas do massacre foram encontrados à beira de uma estrada, enfileirados e virados para o chão. ''Vários soldados tinham marca de bala na cabeça e todos estavam com as mãos amarradas para trás'', disse aos jornalistas o porta-voz do Ministério do Interior do Iraque, coronel Adnan Abdul-Rahman.
O militar afirmou que os soldados, xiitas que seriam inscritos nas forças de segurança de cidades como Najaf, Basra, Karbala e Amarah, caíram na emboscada no entardecer do sábado, quando passavam por Mandali, a cerca de 155 quilômetros de Bagdá.
Os insurgentes, força que mistura membros do antigo regime e mercenários islâmicos vindos do exterior para a jihad (guerra santa), atacam com freqüência os novos agentes da polícia iraquiana, os quais acusam de colaborar com as tropas estrangeiras e com o governo interino.
Nos Estados Unidos, o presidente Bush declarou em entrevista à Fox News - que vai ao ar hoje - que os terroristas estão aumentando o número de ataques para perturbar as eleições americanas, marcadas para 2 de novembro.
A violência causou outras 14 mortes no Iraque. O Exército americano informou um ataque aéreo contra um suposto esconderijo de rebeldes em Faluja, a Oeste de Bagdá. Houve seis mortos, entre eles três policiais e três civis. No Norte do país, no rio Tigre, a 70 km ao oeste de Kirkuk, a polícia anunciou que foi encontrado o corpo de uma pessoa decapitada, cuja identidade não foi revelada.
Um líder religioso xiita, o xeque Muslim al-Tai, e um policial foram mortos a tiros por desconhecidos no Norte de Kerbala, segundo fontes policiais. No bairro xiita de Bagdá Sadr City, oficiais encarregados de verificar o desarmamento declararam que começou ontem a operação de busca de armas na cidade.