Título: Gabinete de crise
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 11/07/2005, País, p. A3
A nova Executiva Nacional do PT, eleita sábado, decidiu, ontem criar um ''gabinete de crise'' a cargo do novo secretário-geral, Ricardo Berzoini. O grupo será formado por técnicos e políticos do partido para coordenar a resposta às denúncias atuais e a outras que possam surgir. - Queremos melhorar a qualidade da nossa resposta à sociedade - justificou Berzoini.
A urgência em fazer apurações e montar comissões atende a um sentimento que há dentro do PT de compensar a lentidão inicial na resposta à crise. Segundo avaliações internas, a antiga direção, com o ex-presidente José Genoino à frente, perdeu muito tempo desqualificando as ''denúncias vazias'' e demorou a perceber a seriedade dos fatos.
Segundo o novo presidente do partido, Tarso Genro, um dos erros do PT foi reivindicar exclusividade da bandeira ética.
- Cometemos um erro ao jogar exclusivamente nas costas do PT a imagem do único partido de ética. Isso não é verdade. Somos um referencial, mas não queremos ser os únicos.
Usando frases de efeito como ''grande virada'' e ''recuperar densidade ética'', ele reconheceu a gravidade da crise.
- Recebemos um recado da sociedade de que algo não vai bem no PT. Temos um trabalho muito árduo, muito difícil.
Ontem, o auto-intitulado ''cidadão José Genoino'' rejeitou a possibilidade de vir a ocupar um cargo no governo federal. Contou que já recebeu uma proposta de trabalho, do senador Eduardo Suplicy.
- Não há nenhuma perspectiva de eu ir para o governo federal. Não quero. Tenho mais um mês de salário como presidente do PT e então vou avaliar as opções.
Genoino contou ter recebido muitos telefonemas e mensagens de companheiros de partido desde que anunciou sua decisão de afastar-se do cargo. Uma das que mais o emocionou foi a do líder sem-terra José Rainha e sua mulher, Diolinda.
Dizendo-se tranqüilo, Genoino afirmou que não irá mais concorrer à presidência do partido na eleição interna marcada para setembro
- É natural que quem assuma a presidência agora seja o candidato - afirmou.
O ex-presidente petista vai se candidatar a deputado federal em 2006. Até lá, deve ser abrigado em algum gabinete ou instância partidária, até para sobreviver financeiramente.