Título: Grupos à esquerda querem poder
Autor: Lorenna Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 11/07/2005, Brasília, p. D3

O afastamento de José Genoino da presidência do PT foi mais um na sequência de golpes sofridos pelo campo majoritário - tendência moderada que comanda o PT. Assim, começou a corrida para a militância, com intenção de reformular o equilíbrio de forças nas cúpulas locais e nacional do partido. Os petistas de tendências à esquerda querem mais participação em cargos de direção do partido. A deputada federal Maria José Maninha lembrou que o centro e o campo majoritário se aliaram na recomposição imediata da cúpula - com o ministro da Educação, Tarso Genro, na presidência - enquanto as correntes de esquerda se abstiveram de votar.

- Agora que teremos de recompor o partido, nós da esquerda do PT buscaremos mais representatividade - garantiu.

Além de espaço na cúpula nacional, querem que essa representação seja capilar. Alguns usaram o sábado e o domingo para apoiar os respectivos candidatos às coordenações locais do partido, no DF. Maninha foi a Taguatinga no sábado e a Ceilândia e Samambaia no domingo. De olho no Processo de Eleições Diretas, que deve se concluir até outubro, não quer perder a brecha aberta no campo majoritário.

- Não estamos atacando ninguém pessoalmente, mas queremos passar o que pensamos, falar das mudanças em que acreditamos. Ou seja, queremos convencer a militância - disse Maninha.

O deputado distrital Chico Leite também foi a campo. Passou o domingo no Recanto das Emas, em apoio a seu candidato à coordenação local do PT e conversando com a comunidade.

- Nos momentos de crise você vai ao fundo e emerge com mais força. Esse processo vai ser positivo, vamos separar o joio do trigo dentro do partido - opinou.

O também distrital Chico Vigilante, do campo majoritário, condenou o que define como guerra interna. Para ele, a hora é de aglutinar, não dividir.

- O campo majoritário está unido e vai ganhar as eleições no DF. Mas é lamentável que, quando a gente está para reconstruir o partido, tenha gente das tendências minoritárias querendo se dizer diferente - disse Vigilante.

O distrital ressaltou, no entanto, que se houver disputa o campo majoritário não vai arredar pé. Ele mesmo passou o sábado em reuniões na Ceilândia, onde reside, em preparação para a sucessão na cidade.