Título: Brasília pode ser a sexta maior economia do País
Autor: Bruno Arruda
Fonte: Jornal do Brasil, 11/07/2005, Brasília, p. D4

Guerra fiscal com Goiás, que se acirra, reabre debate em torno da vocação produtiva do Distrito Federal

A deflagração da guerra fiscal entre o Distrito Federal e Goiás acendeu uma polêmica paralela, levantada pelo superintendente de Administração Tributária de Goiás, Manoel Antônio Costa Filho. De acordo com o técnico goiano, Brasília deveria escolher entre ser a capital administrativa do País, com direito ao repasse federal para sua manutenção, e ser uma cidade como as outras, que cortam na própria carne - ou seja, na arrecadação de ICMS - se quiserem oferecer incentivos para o desenvolvimento de setores econômicos diversos. A resposta do presidente da Federação do Comércio do DF (Fecomércio), Adelmir Santana, traduz o sentimento do empresariado da cidade: há duas Brasílias, uma exclusivamente administrativa e outra comum. Seria uma simbiose, uma conexão indissociável; e, a depender da disposição dos segmentos econômicos, o lado normal não vai parar de crescer tão cedo.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que conclui em breve o mais recente censo empresarial da cidade, estima em 60 mil o número de empresas formais instaladas na capital e em 100 mil a quantidade de informais, dos mais variados segmentos. De acordo com Newton de Castro, diretor-superintendente do Sebrae-DF, a tendência é de franco crescimento.

- Temos como vantagem a alta renda per capita, o que significa mercado consumidor interessante, e o fato de importarmos perto de 70% do que consumimos. Isso quer dizer que há um espaço enorme para crescimento voltado para o próprio mercado interno - disse o diretor.

Alguns setores vêm aproveitando esse espaço. Conforme Fábio de Carvalho, presidente do Sindicato dos Atacadistas do DF (Sindiatacadista), até 1999 os atacadistas instalados na capital eram 100. Hoje, são quase 1.000. De acordo com números do Conselho Nacional de Política Fazendária, a arrecadação em ICMS do setor cresceu de R$ 95,9 milhões em 1999 para R$ 402,3 milhões em 2004. E, de acordo com Carvalho, a expectativa é de que nos próximos cinco anos pelo menos 200 novos atacadistas cheguem à cidade.

Para Ennius Muniz, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do DF (CDL), em cinco anos a cidade terá melhorado sua posição no ranking das unidades da Federação: de 8ª maior economia do País, como é hoje, para o 6º lugar.

- Estamos adquirindo uma cultura de produtividade na cidade. Devemos aproveitar nossa localização estratégica e investir em logística e em inteligência - defende Muniz.

Até mesmo no ramo industrial, menos desenvolvido na cidade em relação ao comércio e aos serviços, o crescimento é significativo. No fim da década de 80, apenas 300 indústrias estavam instaladas no DF. Hoje, são exatamente 4.026, com focos em Tecnologia da Informação, Processamento de Grãos e Metais, segundo a Federação das Indústrias de Brasília (Fibra). Ao longo da década de 90, programas como o Proin, Prodecon, PADES, Pro-DF 1 e Pro DF 2 estimularam esse salto.

A Fibra divulga hoje uma Sondagem Industrial, relativa às expectativas dos industriais brasilienses quanto ao desempenho da economia em geral e à geração de emprego e faturamento no setor, além trazer um diagnóstico dos problemas previstos para o terceiro trimestre deste ano.