Título: CPI começou e terminou com denúncias
Autor: Gabriela Valente, Marco Antônio Martins e Paulo de
Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2004, País, p. A-3

A CPI da Loterj, que terá o seu relatório votado hoje, começou com um escândalo e termina envolvida em denúncias. Em fevereiro, vieram a público supostas negociações envolvendo o então assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz, e o empresário goiano Carlos Almeida Ramos, conhecido como Carlos Cachoeira. Na ocasião, a dupla apareceu em gravações de vídeo negociando valores para campanhas eleitorais quando Waldomiro presidia a Loterj. A instituição é responsável pela administração de jogos em todo Estado. Criada em 15 de fevereiro, a comissão ouviu 60 pessoas durante 100 horas de depoimentos. Nestes quatro meses, o grupo estendeu as apurações também ao Rioprevidência, o que levou os deputados estaduais a pedirem, no relatório final, a prisão de Waldomiro e de Cachoeira.

Além de depoimentos na Alerj, o grupo se deslocou por duas vezes para ouvir testemunhas. Carlos Cachoeira foi ouvido em Goiânia, sob a alegação de que o empresário estaria sendo ameaçado de morte. Em entrevista ao jornal Popular'', de Goiânia, o empresário contou que o tom amistoso do depoimento do depoimento já fazia parte da negociação entre ele e os deputados para o pagamento da propina.

- Tivemos com ele o mesmo tom amistoso com que tratamos as outras testemunhas da CPI. Não podemos inverter as coisas. O acusado aqui é o Carlos Cachoeira. Não somos nós, deputados - desabafou o presidente da CPI, Alessandro Calazans (PV).

Irritado, o deputado Calazans disse que as denúncias tentam ''desmerecer um trabalho único''

- Se a CPI termina em pizza, os deputados foram comprados. Se termina como a nossa, os deputados estavam sendo aliciados - comentou Calazans.