Título: PMDB luta por mais ministério e cargos no segundo escalão
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Fonte: Jornal do Brasil, 12/07/2005, País, p. A2

Na véspera de completar a reforma ministerial, o Planalto deu início à troca de comando das estatais, entregando a direção da Eletrobrás ao PMDB. Ontem, foi indicado para o cargo o ex-deputado Aloizio Vasconcellos, ex-presidente do partido em Minas e atual diretor de Projetos Especiais da estatal.

Em outra frente, o PMDB luta para deslocar o atual presidente da BR Distribuidora, Rodolfo Landin, para a presidência da Petrobras, no lugar do petista José Eduardo Dutra, que deve deixar o cargo para concorrer nas eleições do próximo ano.

Apesar de não oferecer apoio completo ao Planalto, já que algumas alas do partido ainda se recusam a participar do governo, o PMDB ainda insiste em conquistar o quarto ministério. Na última hora, o partido começou a barganhar a permanência do atual ministro da Previdência, Romero Jucá, no cargo. Avisou ao presidente que só abriria mão da pasta, caso conquistasse uma outra com orçamento ''robusto'', caso do Ministério das Cidades.

No segundo escalão, o PMDB reivindica a presidência da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) para o ex-secretário-executivo das Comunicações Paulo Lustosa. Ele chegou a ser indicado para as Comunicações, que acabou ficando com Helio Costa, também do PMDB. O PT, contudo, resiste a perder mais espaço com a reforma ministerial. Hoje, o comando da Funasa está com Waldi Camárcio, do PT de Goiás.

Como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já descartou a permanência de Jucá, investigado pelo Supremo Tribunal Federal, o nome para a Previdência ainda era dúvida até a noite de ontem, O Planalto quer um nome técnico para o cargo, e com isso, o mais cotado era o o secretário de Tesouro, Joaquim Levy. Chegou a ser ventilado que Lula teria convidado o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieria para o cargo, mas no mesmo dia, surgiram denúncias de que ele participaria de um esquema de corrupção no INSS.

O atual ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, que perde o posto com a extinção da pasta, pode assumir o Ministério da Defesa. Aldo é tido como de inteira confiança de Lula, que resiste a enviá-lo de volta à Câmara. Na bancada, contudo, o sentimento era que Aldo seria útil ao governo na Casa neste momento de turbulência política.

Na Educação, a dúvida era entre a ascensão do atual secretário-executivo do MEC, Fernando Haddad, ou a indicação do secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, para o cargo. Hadad era a escolha do atual ministro, Tarso Genro, que deixou o cargo para assumir a presidência do PT. O Campo Majoritário - tendência que comanda o PT -, contudo, quer Dulci na Educação.

Lula embarca hoje para Paris, onde participa das comemorações do Ano do Brasil na França. A expectativa é que as mudanças na Esplanada sejam anunciadas antes da viagem. Na agenda presidencial, estava previsto para ontem um encontro de Lula com o novo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e uma reunião ministerial, que corre o risco de ser cancelada.

Ontem, o presidente passou o dia entre conversas com auxiliares e sindicalistas. Despachou com Dilma Rousseff (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda) e Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). À tarde, recebeu um grupo de representantes de entidades sindicais (leia mais na Pág. A5) e o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência).