Título: PFL discute punição a deputado
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 12/07/2005, País, p. A4

A Executiva Nacional do PFL reúne-se amanhã para discutir uma punição ao deputado João Batista Ramos da Silva (PFL-SP), preso ontem no Aeroporto de Brasília com sete malas cheias de dinheiro. Os pefelistas respiraram aliviados quando o senador Marcelo Crivella (PL-SP) confirmou que os recursos encontrados foram arrecadados pela Igreja Universal no fim de semana. Mesmo assim, admitem que a situação do parlamentar na legenda não é nada confortável. - Ele vai ter de se explicar e se julgarmos que as explicações não são plausíveis, defendo o desligamento dele do partido - propôs o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia.

Para Agripino, a viagem é incompatível com as malas de dinheiro, como também é incompatível a presença do deputado no avião. Lembrou que João Batista não estava em missão parlamentar ou partidária, o que poderia justificar a presença dele no Citation 10, da Líder Táxi Aéreo.

- De qualquer maneira o fato é muito desagradável e dificilmente o deputado escapará de algum tipo de punição.

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, reconhece que o caso é grave, mas tem cuidado para não pré-julgar João Batista. Afirmou que o partido vai apurar tudo, diferente do PT, que utiliza táticas diversionistas para esconder a realidade. Maia reforçou, contudo, que o partido não pode ser responsabilizado pelo episódio.

- O deputado João Batista é muito ligado à Igreja Universal, foi diretor da TV Record. Não estamos diante de um problema do PFL - destacou.

Maia tem uma imagem tranqüila de João Batista. Afirmou que ele raramente se manifestava nas reuniões partidárias e jamais pediu algo à liderança do partido. A única comissão permanente da qual participava era a de Ciência e Tecnologia, devido à sua participação na TV Record.

- Nas votações importantes desta legislatura, ele sempre votou seguindo a orientação partidária - declarou Maia.

O senador Marcelo Crivella (PL-RJ) confirmou em plenário a versão apresentada por João Batista após sua prisão. Declarou que o dinheiro representava a arrecadação de recursos de fiéis da região Norte, incluindo os estados de Roraima, Rondônia e Amazonas. Só neste último estado, diz o bispo, a Universal conta com mais de mil igrejas. Crivella justificou o fato de as malas conterem dinheiro em espécie.

- É muito difícil uma agência bancária aceitar depósitos tão grandes em notas pequenas de R$ 5, R$ 10, R$ 20.

Crivella afirmou que todo o montante foi declarado à PF quando o avião decolou de Manaus. Defendeu que não há crime ou escândalo no episódio, lembrando que, se a Igreja tivesse algo a temer, não teriam declarado os recursos à PF.