Título: Mães clamam por justiça
Autor: Maria Ganem
Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2004, Rio, p. A16

Comissões vão a Brasília para pedir aprovação de lei

Mães de vítimas da violência policial se reuniram ontem na Praça da Cinelândia, no Centro, para pedir justiça. Cerca de 30 mulheres munidas de fotos e cartazes com os nomes dos rapazes - a maioria jovens negros de comunidades carentes - carregavam no rosto a dor da perda. No próximo dia 10, elas se juntarão a outras mães, em Brasília, para pressionar o governo a aprovar a lei do Fundo Nacional para Vítimas de Violência, que garante a elas um salário mínimo por mês. - É um movimento de âmbito nacional. Vamos construir em Brasília, na rampa do Planalto, um tapete da dor, com fotos dos nossos filhos e parentes mortos. Serão 300 companheiras gritando por justiça - disse a líder do movimento no Rio, Euristéia de Azevedo.

O protesto dessas mães vai se unir ao daquelas que também perderam os filhos por causa da violência - só que do outro lado: as mães de policiais.

A comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil, presidida pelo advogado Evandro Fabiani Capano, deu apoio às entidades de policiais e o movimento liderado pela Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas do Rio também chegará a Brasília. A meta é pedir a aprovação de uma CPI para investigar a causa das mortes de 106 policiais no Rio só este ano.

- Concordamos com a reivindicação das entidades e daremos início ao processo interno, informando o presidente da seção São Paulo sobre o pedido de CPI - disse Capano.

A impunidade se repete em outros casos, como o do estudante Bruno Muniz Paulino, 20 anos, assassinado por policiais que faziam a segurança do Via Show, na Baixada Fluminense, em 6 de dezembro de 2003.