Título: Arafat faz cirurgia
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2004, Internacional, p. A-10

O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, defendeu no Parlamento o plano de retirada da Faixa de Gaza, onde o exército matou 16 palestinos, enquanto o líder palestino Yasser Arafat foi autorizado a deixar o quartel-general de Ramala, Cisjordânia, para fazer uma pequena iintervenção cirúrgica. O debate acaba hoje com a votação dos deputados, que deverão aceitar a primeira retirada de colonos dos territórios palestinos em 37 anos de ocupação civil e militar.

- Estou convencido de que esta medida fortalecerá Israel - afirmou Sharon. O plano pressupõe a evacuação de 8.000 colonos da Faixa de Gaza. - A retirada não substituirá a negociação. Não se trata de imobilizar a situação para sempre. Não podemos reinar eternamente sobre milhões de palestinos, cujo número duplica a cada geração - argumentou. O premier disse ter sido a decisão mais difícil que tomou na vida.

O plano prevê a retirada israelense até setembro de 2005, o desmantelamento das colônias judaicas da região e de outras quatro na Cisjordânia.

Quanto a Arafat, as informações sobre a cirurgia foram confusas. Segundo o governo de Israel, a autorização para que ele deixasse o QG da Autoridade Palestina para um exame médico foi pedida por líderes palestinos. A informação foi negada pelo negociador Saeb Erekat, para quem esse tipo de autorização jamais seria pedida. Arafat, que teria uma infecção viral e se queixava de dores no estômago, foi submetido a uma endoscopia e passa bem.

Em Khan Younis, o exército matou 16 palestinos desde domingo. Oito deles, incluindo um menino de oito anos, morreram ontem. Além disso, 72 pessoas ficaram feridas por tiros israelenses, 12 gravemente. Dois soldados israelenses também ficaram gravemente feridos. Desde o início da Intifada, em setembro de 2000, chega a 4.530 o número de vítimas, entre eles 3.500 palestinos e 956 israelenses.