Título: Análise minimiza gargalo na indústria
Autor: Mariana Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2004, Economia, p. A19
Assunto que está na boca de todos os analistas, o gargalo na indústria brasileira diante do crescimento econômico foi minimizado ontem pelo economista José Márcio Camargo, da consultoria Tendências. De acordo com ele, a alta utilização da capacidade instalada está concentrada em setores de bens comercializáveis, como metalurgia, papel e celulose e borracha. - Uma das explicações para o elevado grau de utilização é que são setores que estão exportando muito. E por isso mesmo, a oferta interna pode ser suprida por importações e não por aumento de preços - sugere.
Segundo Camargo, entretanto, produtores de bens de consumo, como transportes e material elétrico e eletrônico, estão ainda longe de atingir seu limite e ainda utilizam cerca de 80% de sua capacidade instalada, o que afasta o risco de inflação imediata.
- Como o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) depende dos preços dos bens de consumo e o poder de repasse das empresas destes setores depende de seu próprio grau de utilização da capacidade, estamos ainda distantes do recorde do início dos anos 70 - explicou o economista.
Segundo ele, o grau de utilização da indústria hoje está em 84%, bem abaixo do índice verificado na década de 70, quando atingiu o ápice de 90%.
- As margens mais apertadas estão nos fabricantes de insumos industriais e bens de capital - explica o economista.
- Isso mostra que o crescimento da demanda não é tão preocupante. Ainda não está na hora de ficar apavorado.