Título: Alta do petróleo faz risco subir
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2004, Economia, p. A20

Cotação do barril chega a bater recorde, mas recua. Preço de papéis brasileiros é afetado

A alta do petróleo lá fora - que chegou a ser cotado no recorde histórico, a US$ 55,67 - atingiu em cheio os títulos brasileiros. O risco país disparou e superou a barreira dos 500 pontos pela primeira vez em outubro, fechando a 505 pontos, alta de 2,64%. Na máxima do dia, alcançou 511 pontos (alta de 3,86%). Em outubro, o risco brasileiro já acumula alta de 7,6%. No ano, avança 9%. O indicador mede a aceitação dos títulos brasileiros lá fora. Os títulos da dívida externa do país registraram desvalorização: o C-Bond caiu 0,57%, para US$ 0,979, cotado a 97,93% do valor de face. Já o Global 40 recuou 1,35%, a 109,50% do seu preço.

Com a escalada do preço do petróleo, há a perspectiva de que o ritmo de crescimento da economia mundial possa ser prejudicado, afetando principalmente os países emergentes, como o Brasil.

No fim do dia, o barril do óleo americano encerrou em baixa de 1,14%, cotado a US$ 54,54. O recuo ocorreu depois que o governo da Noruega - 3º maior exportador do mundo - resolveu intervir na longa greve dos petroleiros, que ameaça afetar a produção de 3,2 milhões de barris.

A alta do risco Brasil encarece o custo da tomada de empréstimos no mercado internacional. Mas ontem o Banco Mercantil do Brasil concluiu uma captação de US$ 35 milhões no prazo de um ano. Foi a primeira oferta de títulos externos da sua história. O valor ficou acima da oferta inicial (US$ 25 milhões) devido à forte demanda.

O movimento do petróleo lá fora também afetou o mercado financeiro brasileiro. A semana começou com bolsa em queda e dólar em alta. O Ibovespa - índice das ações das 54 empresas mais negociadas da bolsa - caiu 0,58%, aos 22.602 pontos, o menor patamar desde 16 de setembro. O dólar encerrou o dia em alta de 0,48%, vendido a R$ 2,88.

Nos EUA, as bolsas fecharam quase estáveis. O índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova York, teve ligeira queda de 0,08%, enquanto a bolsa eletrônica Nasdaq caiu 0,06%.

Em São Paulo, o destaque do dia foi a ação ordinária da Embraer, que interrompeu uma seqüência de quatro quedas. O papel avançou 6,07%. A companhia creditou a forte oscilação do preço a um ''ajuste natural'' do mercado, mas circulam boatos de que uma cliente da canadense Bombardier teria cancelado encomendas e compraria jatos da Embraer.