Título: Fracassa a tentativa de unificar as CPIs
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 13/07/2005, País, p. A4

A proposta do presidente do Senado, Renan Calheiros, de unificar as CPIs dos Correios com a do Mensalão fracassou. A idéia foi rejeitada pelos parlamentares da bancada governista na reunião de líderes de ontem. Diante disso, Renan se comprometeu a instalar até a próxima quarta-feira a CPI do Mensalão. Os partidos terão até às 16h de segunda-feira para fazer a indicação dos seus representantes.

- Desde o início pedi serenidade e isenção. Mas a cada hora, um dos lados muda de estratégia. O Congresso não pode ficar a mercê de estratagemas - declarou desapontado.

Segunda-feira passada, o senador disse que iria buscar a unificação das investigações, para que o Congresso não ficasse sobrecarregado de CPIs. O presidente do Senado levou a proposta para a reunião, mas não teve apoio. Se antes da instalação sofreu com a pressão da oposição que lutou pela criação de CPI única, ontem, Renan encontrou nos governistas a resistência.

- Foram até o Supremo para instalar a CPI mista, e agora querem engavetar? Pois, agora, queremos instalação imediata - retrucou o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), consciente de que o grande número de CPIs pode comprometer a ''qualidade'' das investigações.

Ontem, o ex-diretor de Tecnologia dos Correios Eduardo Medeiros admitiu, na CPI dos Correios, que foi indicado para o cargo pelo então secretário-geral do PT Sílvio Pereira, mas ressaltou que teria sido escolhido por razões técnicas. Negou que a Novadata, empresa de um amigo de Lula, tenha sido favorecida na estatal. Pressionado pela deputada Denise Frossard (PPS-RJ), Medeiros afirmou que coube a Silvinho preencher essa diretoria, mas afirmou não ter relacionamento pessoal com ele.

Apesar de a diretoria que ocupava ser da cota do PT, Medeiros afirmou que não havia influência do partido em sua área. Ele disse não ter recebido nenhum parlamentar petista no último ano, embora afirme ser comum deputados acompanharem fornecedores em visitas aos Correios. Ainda durante o depoimento, defendeu a Novadata.

Antes, também em depoimento à CPI dos Correios, Antonio Osório, ex-diretor de Administração, voltou a negar a existência de esquema de corrupção na estatal e disse que não havia constatado qualquer irregularidade nos contratos e aditivos de publicidade dos Correios que ele assinou com a SMPB, empresa de Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de operar o mensalão.