Título: Firjan nega acusação em fraudes no INSS
Autor: Nelson Carlos de Souza
Fonte: Jornal do Brasil, 13/07/2005, País, p. A6

O procurador federal Fábio Aragão afirmou ontem que mais três auditores confirmaram a existência de um suposto esquema de propina em que a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) pagaria ao PT para que as empresas fluminenses não fossem fiscalizadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A Firjan negou as acusações. Segundo Aragão, a auditora Maria Teresa Vasconcelos, que aparece conversando com Maria Auxiliadora na gravação apresentada segunda-feira no Jornal Nacional, da Rede Globo, o marido de Maria Teresa, Francisco Santos Alves, e uma terceira pessoa, que ainda vai depor, confirmaram o esquema.

Na conversa, Maria Teresa, então presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais do Rio de Janeiro (Sinsera) - que foi presa por fraude no INSS - diz que o ex-ministro Amir Lando lhe relatou um esquema em que a Firjan pagaria propina ao PT.

Em sua defesa, a Firjan apresentou uma nota oficial assinada em conjunto com o Ministério Público (MP) em que afirma que em reunião recente da diretoria jurídica do órgão e o procurador Fábio Aragão, o mesmo teria isentado a Firjan do esquema de corrupção. O MP Federal contestou no fim da tarde de ontem este item.

- Em momento algum o procurador da República afirmou tal convicção, uma vez que o processo está em curso e indícios de crimes podem surgir - afirma a nota.

O MP afirma ainda que na nota assinada em conjunto se restringiu a dizer que serão feitas as investigações de indícios existentes, ou que viessem a aparecer. O vice-presidente da federação, Carlos Mariani Bittencourt, afirmou receber a notícia com surpresa.

- A Firjan recebeu a informação com surpresa porque teve contato com o procurador ao longo do mês de maio. As informações que vieram seriam sempre na linha de que esta senhora, Maria Auxiliadora teria ouvido falar.

Segundo o vice-presidente do Centro Industrial do Rio de Janeiro, João Lagoeiro Barbará, as denúncias são ''fantasiosas e delirantes''.

- Era impossível que houvesse um contrato como a senhora Maria Auxiliadora diz entre a Firjan e a fiscalização do INSS. Ainda mais um contrato que viria do governo Fernando Henrique.

Desde maio, quando surgiram as denúncias sobre um suposto esquema de ''caixinha'' na Firjan, a instituição realizou uma auditoria externa e entregou a conclusão do trabalho ao MP Federal. A auditoria verificou se havia algum tipo de contrato formal entre o Sindicato dos auditores e a Firjan. Segundo Barbará, a federação não tem poderes para fiscalizar as empresas fluminenses.

O Ministério da Previdência divulgou nota na qual afirma que não há consistência nas denúncias e que toda e qualquer denúncia recebida é imediatamente apurada. O ex-ministro da Previdência, Romero Jucá, disse que em sua gestão não ocorreu nenhum esquema envolvendo Firjan e o INSS no Rio de Janeiro.