Título: Lojistas combatem a guerra fiscal
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 13/07/2005, Brasília, p. D3

Até a próxima sexta-feira, o grupo formado por sete sindicatos ligados ao comércio e pela Associação Brasiliense de Supermercados (Asbra) pretendem publicar um manifesto repudiando a guerra fiscal travada há duas semanas entre os governos de Goiás e do DF, e assegurando à população que serão tomadas todas as medidas necessárias para garantir o abastecimento sem elevação dos preços. A nota, produzida na noite de segunda-feira, ressalta ainda que diante da barreira fiscal sobre os produtos na fronteira, os comerciantes brasilienses buscarão fornecedores alternativos em outros estados. Os governadores do DF, Joaquim Roriz, e Marconi Perillo, de Goiás, terão um encontro ainda esta semana a fim de encontrar uma saída para a questão. Por enquanto, segundo os representantes do setor, ainda não houve desabastecimento nos mercados. Mas a expectativa é de que os produtos de cesta básica - arroz, óleo de soja, açúcar - sejam os mais afetados. A grande preocupação, no entanto, é com a carne, que por ser perecível não tem estoque suficiente a longo prazo. Os fornecedores deverão procurar um reforço nos negócios com Tocantins, Mato Grosso e Minas Gerais. A taxação sobre produtos na fronteira varia de 3% a 9% e, se acontecerem, o repasse nos preços ficarão entre 2% e 4,5%.

Apesar das negativas do secretário de Fazenda do DF, Valdivino Oliveira, os próprios comerciantes temem uma ação especulativa nos preços, principalmente nos produtos alimentícios, ainda que não tenham relação direta com a sobretaxa. De acordo com o Sindicato do Comércio de Produtos Farmacêuticos do DF (Sincofarma), os distribuidores locais têm capacidade para suprir toda a demanda medicamentos na capital, e por isso estariam livres de eventuais aumentos.

O presidente do Sindicato do Comércio Atacadista do DF (Sindiatacadista), Fábio de Carvalho, espera transferir o fornecimento de pelo menos 40% dos produtos até agora vindos do estado vizinho para outras unidades da federação. Ainda assim, Fábio ressalta que a queda na arrecadação de Goiás será significativa.

- Acho difícil um retorno depois disso. Brasília tem um grande mercado consumidor e, se encontrarmos ofertas melhores em outros estados, Goiás terá que lutar para reconquistar. O prejuízo deles poderá ser ainda maior - avalia Fábio, apostando na pressão do setor produtivo goiano sobre a Secretaria de Fazenda estadual para resolver o problema. Segundo ele, no ano passado, o DF comprou R$ 1 bilhão de Goiás, enquanto eles gastaram apenas R$ 254 milhões com mercadorias daqui.

Além dos atacadistas, também assinam o manifesto os Sindicatos dos Comércios Varejista; de Gêneros Alimentícios; de Material de Construção; de Produtos Farmacêuticos; de Supermercados e da Associação Comercial e Empresarial do DF. Eles defendem ainda a postura da Secretaria de Fazenda de revidar as barreiras fiscais aos produtos brasilienses na fronteira.

O setor produtivo do DF estuda resposta a uma nota divulgada pelas federações goianas na qual as entidades apóiam a cobrança de taxas. De acordo com o presidente da Federação do Comércio do DF (Fecomércio), Adelmir Santana, a idéia é reagir.

- Essa guerra é incompreensível, quem mais perde são eles - afirma Santana.